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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS
Segundo senador tucano, violação de sigilo do caseiro Francenildo pode ter partido de funcionária subordinada a Clarice Copetti
Vice-presidente da Caixa depõe terça na CPI
ADRIANO CEOLIN
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Bingos aprovou ontem a convocação da vice-presidente de Tecnologia da CEF (Caixa Econômica Federal), Clarice
Copetti, para que ela esclareça o
envolvimento do banco na quebra do sigilo da conta do caseiro
Francenildo dos Santos Costa.
Por outro lado, a comissão preferiu não analisar ainda o requerimento para convocar o presidente da Caixa, Jorge Mattoso.
Um integrante da CPI recebeu
anteontem a informação de que a
ordem para violar o sigilo de Costa partiu do gabinete da presidência da Caixa. Os dados foram extraídos do sistema do banco com
a senha de um gerente e foram encaminhados a um assessor do ministro Antonio Palocci (Fazenda).
Inicialmente marcado para hoje, o depoimento de Copetti foi
agendado para terça-feira.
Ela foi uma das dirigentes do
banco, segundo o senador Álvaro
Dias (PSDB-PR), que manifestou
dificuldades para rastrear o nome
do funcionário que teria obtido os
dados do caseiro. Mas a CPI obteve informações de que as supostas
dificuldades de rastreamento não
são reais. Ainda há indícios de que
os dados tenham vazado por
meio de uma funcionária subordinada a Copetti, segundo Dias.
Para o senador Antero Paes de
Barros (PSDB-MT), Mattoso sabe
como o sigilo de Costa foi violado.
"Não tem como o presidente da
Caixa não ter envolvimento."
Senadores governistas votaram
contra a convocação de Copetti
usando o argumento de que o STF
(Supremo Tribunal Federal) proibiu a comissão de tratar de assuntos relacionados ao caseiro.
"Uma regra foi quebrada [sigilo
de Costa] e queremos que seja investigada. Mas, então, não pode
valer quebrar todas as outras regras", disse Ideli Salvatti (PT-SC).
O presidente da CPI, senador
Efraim Morais (PFL-PB), rebateu,
dizendo que o argumento não é
verdadeiro, já que o Supremo
proibiu apenas a continuação do
depoimento do caseiro à CPI.
Ontem, a CPI entrou com novo
mandado de segurança no STF
solicitando a liberação de uma
outra convocação do caseiro.
Costa teve o sigilo de sua conta
violado após ter dito à CPI que Palocci freqüentava uma casa, em
Brasília, alugada por ex-assessores da Prefeitura de Ribeirão Preto e que seria usada como local de
lobby. Palocci nega ter ido à casa.
A Caixa solicitou 15 dias para
apresentar o resultado da sindicância interna que foi instaurada.
A CPI também aprovou requerimento para que a mesma subcomissão que foi à Caixa faça uma
visita à sede da PF em Brasília.
Além disso, foi aprovada a quebra de sigilo de nove empresas ligadas a casas de bingos. Entre
elas, a Cinco Telecom, que pode
ter pago o aluguel da primeira casa alugada em Brasília por ex-assessores de Palocci.
Ribeirão Preto
A engenheira Isabel Bordini, ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão
Preto na gestão do então prefeito
Palocci, negou ontem, na CPI,
acusações de existência de um esquema de corrupção na autarquia
vinculada à prefeitura.
Ela foi questionada sobre um
aumento, à época, nos valores cobrados por varrição e limpeza na
cidade. A Promotoria e a polícia
investigam suspeita de irregularidades nos contratos. Bordini disse que o aumento foi decorrente
da ampliação dos serviços e disse
não saber de irregularidades.
Bordini entrou em contradição,
porém, ao negar laços de amizade
com o advogado Rogério Buratti
-ex-assessor de Palocci e um dos
que denunciaram a existência do
esquema. Uma gravação de conversa telefônica entre os dois, exibida no depoimento, mostrou os
dois falando de assuntos pessoais.
Na conversa, ela diz que o "patrãozão" fala muito sobre ele.
Questionada por Álvaro Dias, disse acreditar que o "patrãozão" citado era Palocci. "Na época, eu
acredito que [a pessoa citada] era
o prefeito Palocci ou Maggioni
[Gilberto, vice-prefeito]."
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