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JANIO DE FREITAS
A saída
Nem Lula se livrou de Serra
nem Serra se livrou da prefeitura. Mas a primeira parte da
frase tem futuro mais incerto do
que a segunda, ao que demonstra
o teor de conversações recentes,
entre nobres do PSDB e do PFL,
sobre encaminhamentos possíveis da disputa eleitoral.
José Serra tem motivos fortes
para continuar na prefeitura, a
começar por seu compromisso
formal de fazê-lo, mas também
tem diante de si, atraindo-o para
a renúncia, uma tentação ainda
maior que o governo de São Paulo. E, nesse caso, se não convém
dizer que os chefões do PSDB cobram ou estimulam sua renúncia
à prefeitura, no mínimo se pode
dizer que a consideram com muita simpatia tendo em vista -é isso mesmo- a eleição presidencial.
A solução da disputa de Geraldo Alckmin e Serra foi forçada
pelas circunstâncias ditadas, em
parte, pela incapacidade de Serra
de fazer o seu caminho e, em parte, pela impossibilidade de uma
recusa legítima à pretensão de
Alckmin. Mas não foi satisfatória
no PSDB, e politicamente não poderia ser mesmo, a escolha do
pretendente com tamanha evidência de menores probabilidades de êxito.
O PSDB e o PFL constatam circunstâncias extraordinariamente propícias à oposição na disputa eleitoral. Não sabem, porém, se
a candidatura de Alckmin estaria à altura dessa oportunidade.
Não sabem agora, bem entendido. Ainda antes da convenção
prevista para junho, porém, Alckmin terá demonstrado se tem ou
não potencial para sobrepujar
Lula.
O PSDB aguarda, em atitude
muito indicativa. O silêncio com
que os peessedebistas receberam
a subida de Alckmin, na primeira
pesquisa posterior à sua indicação para candidato, foi bastante
sugestivo da expectativa cautelosa, se não alheia. Como se ninguém quisesse envolver-se em estímulos e exibições de confiança.
Se, nesse quadro de incertezas,
o desempenho de Alckmin se
mostrar insuficiente, o PSDB só
teria uma alternativa: José Serra.
Desde que Serra esteja disponível,
por renúncia à prefeitura a título
de disputar o governo de São
Paulo. Nenhum problema em
passar de uma a outra candidatura.
Passiva, a expectativa do PSDB
não é. Hoje mesmo deverá ir uma
comissão de deputados estaduais
a Serra, na mais óbvia articulação de um "movimento espontâneo" por sua renúncia para candidatar-se. Nas conversações entre PSDB, PFL e uma parcela do
PMDB, a passividade é ainda
menor. E muito sugestiva.
O artigo que aqui comentou, no
dia 15, a escolha de Alckmin na
véspera, acabou assim: "Não há
motivo para Alckmin acreditar
na unidade ativa do PSDB em
torno da sua candidatura. A propósito, candidatura mesmo, só a
partir da convenção partidária.
Até lá, Alckmin é só indicado. O
que pode não significar nada, e
pode significar muito".
Para meio entendedor, estava
aí e estará ainda.
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