São Paulo, domingo, 23 de março de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Crise conjugal

A situação de São Paulo, em que PSDB e DEM caminham para uma disputa, não é exceção, mas regra no cenário que se desenha para as eleições municipais. Das 26 capitais, os dois "aliados" só estarão juntos em Curitiba (PR), Macapá (AP) e João Pessoa (PB).
Mesmo em Estados onde os dois partidos sempre tiveram relações sólidas, como Pará e Pernambuco, tucanos e democratas estão em lados opostos. Como resposta ao desdém do PSDB, o DEM ensaia uma aproximação com o PMDB em Estados estratégicos, como Minas e Rio de Janeiro. "Não precisamos continuar a reboque da polarização PT-PSDB em 2010", avalia o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).

Tucupi. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), vai a Belém nos próximos dias para tentar solucionar o impasse com o DEM. O ex-governador Simão Jatene (PSDB) não quer apoiar sua ex-vice, Valéria Franco, que está na frente nas pesquisas.

Terceira opção. Em Fortaleza (CE), o mais provável é que o PSDB de Tasso Jereissati apóie a candidatura de Patrícia Saboya (PDT) à prefeitura. Caso ela desista de disputar, pensa em lançar candidato próprio. A hipótese de apoio a Moroni Torgan (DEM) é a mais remota hoje.

Só love. Na contramão, os casos da outrora impensável aliança com o PT vão se multiplicando. Em Aracaju (SE), tanto o governador petista Marcelo Déda quanto os tucanos liderados por Albano Franco devem dividir o palanque em apoio à reeleição de Edvaldo Nogueira (PC do B).

Olhos e ouvidos. O coordenador do grupo que vai apresentar uma proposta de prévias presidenciais no PSDB é o primeiro vice-presidente da sigla, Rodrigo Castro, que vem a ser o aliado número 1 de Aécio Neves (MG) na Executiva tucana.

Jóia da Coroa. Enquanto sonham com o "sim" de Orestes Quércia, os petistas tratam de melhorar seu dote: vão oferecer o controle da Ceagesp, a central de abastecimento da capital, ao PMDB, desde que o "técnico" Francisco Cajueiro seja mantido na presidência.

Faltou combinar. Nas contas do grupo ligado a Marta Suplicy (PT), o entrave está no deputado federal João Paulo Cunha, que controla quase 30 cargos estratégicos na estatal federal, distribuídos por aliados de sua base eleitoral, a região de Osasco.

Entusiastas. A onda de inaugurações do PAC tem atraído para o palanque de Lula governadores que apoiaram Geraldo Alckmin em 2006. Na última semana, os peemedebistas André Puccinelli (MS) e Luiz Henrique (SC) eram só elogios ao programa e ao presidente.

Slot. O calendário de viagens para lançar obras do PAC é tão intenso que o ministro Márcio Fortes (Cidades) negociou com Lula que ele e os demais ministros ligados ao programa passarão a ter prioridade nos aviões da FAB.

Muda o disco. Aliados que ouviram o discurso "palanqueiro" de Dilma Rousseff (Casa Civil) no road-show do PAC acham que a preferida de Lula terá de abandonar o tom técnico se quiser emplacar como candidata a presidente.

Aula prática. O próprio Lula deu um toque em recente visita a Campo Grande (MS): "Quanto mais milhões vocês falam, menos a gente sabe. Nós lidamos com reais, 100 reais, 200; quando a gente cita 800 milhões, ninguém guarda esse número".

Bis. A oposição quer convocar o ministro Jorge Hage, que já falou a convite, para voltar à CPI dos Cartões. A idéia é que o titular da CGU diga sob juramento se teve conhecimento prévio sobre o dossiê com gastos do governo FHC com contas "tipo B".

Tiroteio

"Vamos abrir tudo: gastos de Lula, de FHC, dos vice-presidentes e familiares de cada um. Quero ver se o PT aceita essa proposta."


Do deputado CARLOS SAMPAIO (PSDB-SP), titular da CPI dos Cartões, sobre a divulgação de gastos do governo Fernando Henrique com as chamadas contas "tipo B", reunidos em dossiê pelo governo.

Contraponto

Tolerância zero

Madrugada adentro da tensa sessão em que foi aprovada a MP da TV Pública, governistas e opositores se digladiavam pelo microfone quando Garibaldi Alves (PMDB-RN) decidiu que ninguém mais subiria à tribuna.
-Mas eu tenho uma questão de ordem!-, insistiu por três vezes o tucano Mário Couto (PA).
-Já disse que não darei mais a palavra a ninguém!
-Mas eu só quero dar uma palavrinha...
O presidente do Senado não resistiu:
-Pois eu é que tenho uma "palavrinha" para o senhor: "Aaaadeeeeuuuus"-, disse, esticando cada sílaba ao máximo e levando o plenário às gargalhadas.


Próximo Texto: Lula dribla veto e libera verbas a 1.800 obras antes da eleição
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.