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Impacto eleitoral é "óbvio", afirmam ministros do PAC
Geddel e Temporão alegam que o governo não pode parar por causa da eleição; leis impedem gastos com obras novas
Dos dez municípios mais beneficiados, sete têm prefeitos de partidos aliados ao Planalto; ministro nega viés político nas liberações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Candidatos a prefeitos mais
identificados com o governo
Lula deverão ser beneficiados
pelas obras a serem iniciadas
com dinheiro da União nos
próximos meses, avalia o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), que não vê
problemas em que o governo
fature dividendos políticos do
Programa de Aceleração do
Crescimento.
"Tudo o que é bem sucedido
na ação do governo influencia o
eleitor em favor dos candidatos
do governo", disse.
Os votos mobilizados pelo
PAC poderão beneficiar tanto
os atuais prefeitos que disputam a reeleição como seus adversários no pleito de outubro.
No caso de São Paulo, por
exemplo, a expectativa dos governistas é que a petista Marta
Suplicy apareça vinculada ao
PAC e não o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM).
A cidade deverá receber o segundo maior volume de repasses federais entre as obras do
Ministério das Cidades, logo
depois do Rio de Janeiro, também administrada pela oposição ao governo federal.
Aliados do Planalto
Dos 10 municípios mais beneficiados, 7 têm prefeitos de
partidos aliados ao Planalto.
Juntos, recebem 53% do total
dos repasses, contra 47% destinados às cidades governadas
pela oposição. Na quinta-feira,
em Foz do Iguaçu (PR), o presidente Lula negou o uso eleitoral do PAC com o argumento de
que cidades e Estados governados pela oposição também são
beneficiados. Classificou as críticas de "cretinice verbal".
Geddel-cujo partido, o
PMDB, esteve aliado a todos os
presidentes da República desde
o fim do regime militar, com
exceção do governo de Fernando Collor, e é a aliança preferencial do PT nas eleições municipais- compara o PAC ao
Plano Real, lançado em 1994 e
que levou Fernando Henrique
Cardoso a ocupar o Palácio do
Planalto a partir de 1995.
"A alternativa era não fazer",
argumenta, numa investida
contra as críticas da oposição,
que recorreu ao Supremo Tribunal Federal. "Tem gente reclamando porque o presidente
viaja, está fazendo obra: então
quer dizer que o governo tem
de parar?", provoca o ministro.
"Eu mesmo estou viajando, vou
falar de obras, dizer da iniciativa do governo Lula", disse.
O ministro Márcio Fortes
(Cidades), com o maior volume
de obras liberadas no período
eleitoral, insiste em que o critério partidário não foi levado em
conta na definição dos projetos.
"As obras foram escolhidas independentemente de o governante ser de um dos partidos da
base [política do Planalto] ou
da oposição".
Fortes citou o exemplo do
Estado de São Paulo, governado pelo tucano José Serra e
destino do maior volume de dinheiro para saneamento, habitação e urbanização de favelas
do PAC. É preciso considerar
que o Estado é também um dos
mais importantes nas estratégias de votos das eleições de
2010.
Saúde
O ministro José Gomes Temporão (Saúde), outro que tem
projetos na lista de obras selecionadas do PAC, também argumenta que o governo federal
não pode parar no período das
eleições. O calendário eleitoral,
que prevê eleições a cada dois
anos, é um obstáculo à administração, sustenta: "Em ano
eleitoral, só tenho até a metade
do ano, não dá para governar".
A legislação eleitoral em vigor não manda paralisar obras
em andamento e com cronograma definido, como sugere o
ministro. Mas impede o repasse de verbas a obras novas, o
que representaria uma ameaça
às obras do PAC.
Temporão também reconhece que as obras poderão influenciar o resultado das próximas eleições. "É obvio que [os
projetos] vão ter impacto na
qualidade de vida das pessoas e
elas vão achar que o governo é
maravilhoso", disse.
O ministro nega, porém, viés
político na decisão de liberar
gastos no período eleitoral.
"Posso garantir que a lógica está centrada em problemas de
saúde pública", afirmou. Obras
de saneamento básico em pequenos municípios são fundamentais no combate à mortalidade infantil e a doenças, destaca.
(MARTA SALOMON)
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