|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidenciável, Ciro já não é unanimidade dentro de seu partido
Presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos avalia a possibilidade de integrar chapa à sucessão de Lula
Neto de Arraes, Campos carrega o sonho de ser eleito vice-presidente em 2010 em chapa com José Serra, Aécio Neves ou até Dilma Rousseff
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Reza a sabedoria popular que
o perigo às vezes surge de onde
menos se espera. Presidenciável do campo lulista mais forte
nas pesquisas sobre a sucessão
de 2010, o deputado federal Ciro Gomes (CE) corre risco de
sofrer uma decepção dentro de
seu próprio partido, o PSB.
Presidente nacional do PSB,
o governador Eduardo Campos
(PE) alimenta o sonho de ser
candidato a vice-presidente em
2010. Segundo a Folha apurou,
ele cogita ser vice até de um inimigo figadal de Ciro, o governador José Serra (PSDB-SP).
Outras opções são coadjuvar
uma eventual chapa presidencial encabeçada pelo governador de Minas, o tucano Aécio
Neves, ou ser vice de um petista que tenha o suporte do presidente Lula. Campos controla
com mão-de-ferro o PSB, partido que herdou do avô, Miguel
Arraes, que morreu em 2005.
Ciro já admitiu à Folha ser
vice de um petista e fez gestos
de aproximação com Aécio. Se
o destino do PSB em 2010 for
coajduvar um candidato a presidente, Campos avalia que ele,
e não Ciro, poderia ser o companheiro de chapa.
Em 2006, quando Lula flertou com a idéia de trocar o candidato a vice -José Alencar
(PRB) já estava doente-, Campos atuou nos bastidores para
tentar obter a vaga. Chegou a
jogar contra a possibilidade de
Ciro assumir o posto, hipótese
aventada, que morreu quando
Lula confirmou Alencar.
Em retaliação, Campos manobrou para que o PSB não integrasse formalmente a aliança
para reeleger Lula. Quis deixar
aberta uma porta para entendimento com o tucano Geraldo
Alckmin, derrotado em 2006.
Em conversas reservadas,
Campos já disse que o PSB poderia indicar o vice do PSDB,
seja o postulante Serra ou Aécio. A ponte com Serra foi pavimentada pelo deputado e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP). Os palmeirenses Serra e Aldo são amigos.
No início de março, na festa
de 30 anos de vida pública de
Aldo, Campos e Serra se encontraram. Duas semanas depois,
a convite de Campos, Serra foi
a Pernambuco assistir à encenação da "Paixão de Cristo".
Serra fez um giro recente pelo Nordeste que incluiu até encontro com Cid Gomes (PSB),
irmão de Ciro e governador do
Ceará. Com cerca de 30% de
intenção de voto na região, Serra quer dar atenção ao Nordeste para se vacinar contra a crítica de que seria um político
mais preocupado com São Paulo do que o Brasil. Aécio prega
que seria hora de São Paulo não
eleger o próximo presidente.
Mais: Campos e Aldo se queixam do PT. Dizem que os petistas tratam com desdém os aliados históricos. Exemplo: apoiado por Campos e Ciro, Aldo foi
derrotado pelo PT quando tentou se reeleger presidente da
Câmara em 2007. Aldo convenceu Campos de que seus
partidos não devem descartar a
possibilidade de aliança com
Serra, um político com trajetória de esquerda. O principal
obstáculo a esse entendimento
é justamente Ciro, que tem cerca de 20% nas pesquisas.
Mas Campos e Aldo avaliam
que, se um petista alcançar taxa semelhante nas pesquisas,
Lula poderá desconsiderar a
hipótese de apoiar Ciro.
Outras opções de futuro político para Campos estão ligadas
ao destino do PT e de Lula. Se o
presidente estiver forte para
bancar a eventual candidatura
presidencial da ministra Dilma
Rousseff, Campos seria alternativa de vice. O flerte com a
oposição ajuda Campos a assustar o PT caso queira tentar a
reeleição ao governo de Pernambuco em 2010. Petistas
planejam lançar o prefeito de
Recife, João Paulo, ao governo.
Texto Anterior: Elio Gaspari: O terrorista de 1968 remunera-se em 2008 Próximo Texto: Pré-candidatas em Porto Alegre apontam machismo na política Índice
|