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ANÁLISE
Chuchu sobe a serra
FERNANDO DE BARROS E SILVA
EDITOR DE BRASIL
A não ser na hipótese, hoje
remota, de uma reversão total
de expectativas que leve José
Serra a desistir da disputa presidencial, o candidato do PSDB
ao governo paulista em 2010 só
por muita teimosia poderá deixar de ser Geraldo Alckmin.
Entre os tucanos, como se sabe, tudo é possível, mas o resultado do Datafolha em São Paulo, divulgado ontem, joga um
balde de água gelada sobre as
pretensões do secretário da Casa Civil de Serra, Aloysio Nunes
Ferreira. Menos pelos índices
inexpressivos que alcança -é
provável que não esperasse
mais do que seus 2% ou 3%- e
muito mais pelo resultado do
ex-governador -acima de 40
pontos em qualquer cenário,
chegando a 46% num deles.
Há aí, parece óbvio, muito
mais do que o simples recall do
candidato que foi derrotado no
primeiro turno das eleições
municipais do ano passado.
Votos na largada não bastam,
é verdade, e o próprio Alckmin
hoje deve saber algo a respeito
do poder da máquina (Serra-Kassab) sobre o voluntarismo.
Aloysio pode ser agora o homem da engrenagem tucana,
aquele que costura sua indicação por dentro, entre partidos
da base e prefeitos do interior.
Mas é um erro supor que vá
desfrutar das mesmas chances
e condições que viabilizaram a
reeleição de Kassab. Não vai.
Tucanos de peso acham que
Serra já abusou o bastante do
eleitorado paulista. Largou a
prefeitura no meio do caminho
depois de prometer não fazê-lo.
Foi eleito governador. No cargo, deixou Alckmin arder na fogueira e apostou no afilhado
azarão. Venceu de novo. Já chega -pedem os mais escaldados.
Alckmin segue um estranho
no ninho serrista, mas foi resgatado do limbo pelo próprio
governador, que o fez secretário para neutralizar a aproximação com Aécio. No governo,
qual seria agora o discurso para
demovê-lo da candidatura?
Mas e o PT? E os demais nomes? Maluf e Paulinho precisam da imunidade parlamentar
como do ar. Devem disputar a
Câmara, a exemplo de Erundina e Soninha. Já a aventura do
empresário Paulo Skaf é vista
como um eventual segundo palanque para Dilma Rousseff no
Estado, não mais do que isso.
Esse, de resto, parece ser o
destino do candidato do PT em
São Paulo, qualquer que seja
ele: servir de linha auxiliar para
a disputa presidencial, alavancar Dilma em ambiente hostil.
Contra Alckmin, Marta chega a 13%, Palocci tem 3% e Fernando Haddad, 1% -o PT reúne nomes queimados na praça
e nomes que mal pontuam, ou
ambas as coisas. Soma-se a isso
o isolamento político do partido no Estado, estrangulado pela hegemonia demo-tucana. O
terreno está mais do que propício para o chuchu subir a serra.
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