|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Debate do PMDB opõe radicais e pragmáticos
Partido não se entende em discussão sobre programa de governo que o credencie a ser cogestor de eventual gestão Dilma
Legenda decidiu redigir um documento para se livrar da pecha de fisiologismo e servir de contraponto ao programa aprovado pelo PT
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM
Decidido a apresentar um
programa que o credencie a ser
cogestor de um eventual governo de Dilma Rousseff (PT), o
PMDB não sabe ao certo como
produzir tal documento e muito menos o que colocar nele.
Na primeira reunião para
discutir o texto, realizada na última quinta-feira, em Brasília, a
já conhecida federação de interesses pessoais e regionais do
partido, unificada pelo pragmatismo, chocou-se com o voluntarismo de convidados especiais. No fim, ninguém falou a
mesma língua.
Na abertura do encontro, o
presidente do partido, Michel
Temer, conclamou o PMDB a
redigir um texto que "não seja
de extremos" e que seja "moderado para o Brasil".
Temer também disse que
seus colegas de partido devem
fazer um esforço para não "aderir" ao governo, mas influir em
seus rumos.
A linha foi similar à do ministro da Defesa, Nelson Jobim,
segundo o qual o programa deve ter "grandes linhas", e não se
perder em detalhes.
Neopeemedebista
A introdução moderada de
Temer e a observação panorâmica de Jobim não resistiram
ao crivo do neopeemedebista
Mangabeira Unger, ex-ministro da Secretaria de Assuntos
Estratégicos.
Mangabeira disse que moderação não deve significar "falta
de personalidade", e que o momento requer ousadia. Para ele,
o programa do PMDB precisa
"surpreender a nação", e não
alinhavar "platitudes".
Ligado na origem ao ex-governador Leonel Brizola, Mangabeira escreveu com Ciro Gomes (PSB), em 1996, o livro "O
Próximo Passo", sobre os rumos do país.
A falta de sintonia prosseguiu no campo econômico. Incomodados com o protagonismo que Henrique Meirelles desejava ter nesse capítulo, Jobim
e Mangabeira se esforçaram
para diluir a influência do presidente do BC, visto por ambos
como "conservador".
Meirelles pretendia coordenar um subgrupo de discussões
econômicas, mas Jobim barrou
a criação de grupos temáticos
ao propor que, por escrito, todos opinem sobre tudo.
A proposta de Jobim foi aceita. Ao final, caberá ao deputado
Eliseu Padilha (RS), presidente
da Fundação Ulysses Guimarães, compilar todas as propostas num só texto.
A solução agradou Mangabeira, para quem o programa
do PMDB deve afastar-se da
política monetária do BC para
"ir além" do atual governo.
Neopeemedebista, assim como Mangabeira, Meirelles é
visto pelo Planalto como um vice ideal na chapa de Dilma.
Pecha
O próximo encontro para
discutir o programa do PMDB
ocorrerá no dia 15 de abril.
Maior partido do país, a sigla
decidiu redigir um documento
para livrar-se da pecha de legenda fisiológica e servir de
contraponto moderado ao programa aprovado pelo PT em
um congresso recente.
Ele será entregue à pré-candidata Dilma. A ideia é divulgar
esse programa em um grande
evento que celebrará a aliança
entre os dois partidos.
Texto Anterior: Janio de Freitas: O vício dos assessores Próximo Texto: Temer quer que partido governe "junto" com PT Índice
|