São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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ADMINISTRAÇÃO
Presidente anuncia Henri Philippe Reichstul, ex-integrante do governo Sarney, para comandar a estatal
Banqueiro naturalizado preside Petrobrás

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou ontem a escolha do economista e banqueiro Henri Philippe Reichstul, francês naturalizado brasileiro, para a presidência da Petrobrás. O mais disputado cargo do segundo escalão do governo está vago há 17 dias, desde a demissão de Joel Rennó.
A escolha foi acertada domingo, no Palácio da Alvorada, mas a posse ainda depende de aprovação do conselho de administração da estatal, cujos novos membros também foram anunciados ontem.
Reichstul terá como principal tarefa reformar a Petrobrás e prepará-la para uma possível privatização a longo prazo, provavelmente no final do atual governo.
Colega de FHC na fundação do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), que reuniu intelectuais na época do regime militar (64-85), Reichstul já trabalhou no governo federal.
Foi assessor (secretário de controle das empresas estatais e secretário-geral) do ex-ministro do Planejamento João Sayad, de quem é sócio no banco de investimentos Inter American Express.
No governo Sarney, Reichstul trabalhou com o atual presidente do Banco do Brasil e ex-secretário do Tesouro Nacional, Andrea Calabi, um de seus principais interlocutores no atual governo.
Outra ligação importante é com o ministro da Saúde, José Serra. Trabalharam juntos durante o governo Franco Montoro (1982-1986), em São Paulo.
Embora próximo do PMDB na época em que trabalhou no governo, Reichstul não deve sua indicação a nenhum dos partidos da base de sustentação política do governo. A cúpula do PMDB só ficou sabendo da notícia ontem, depois do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
A atuação de Reichstul será monitorada pelo novo conselho de administração da Petrobrás, que ganhará mais força com o estatuto reformado da estatal, a ser aprovado na assembléia extraordinária marcada para amanhã.
O porta-voz adjunto da Presidência, Georges Lamazière, confirmou os nomes de sete integrantes do conselho de administração, presidido pelo ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia).
Convidada para presidir a Petrobrás, a diretora-superintendente da Companhia Siderúrgica Nacional, Maria Sílvia Bastos Marques, fará parte do conselho, composto também pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, pelo presidente do BNDES, Pio Borges, e pelo ex-ministro do Exército Zenildo de Lucena. Participam ainda os técnicos Jaime Rotstein e Gerald Reiss.
A assembléia servirá também para que seja aprovado o novo estatuto da empresa. Pelo estatuto atual, a presidência da Petrobrás só pode ser exercida por brasileiros natos, apesar de a Constituição em vigor não o exigir. A alteração precisa ser aprovada antes de Reichstul assumir.
O novo estatuto da Petrobrás deverá autorizar a compra de ações ordinárias (com direito a voto) por estrangeiros.
É um passo importante para a venda das ações que excedem ao percentual mínimo que garante à União o controle da empresa.


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