|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2004
Prefeita culpa ex-presidente por crise econômica de 2002 e afirma que houve boicote de bancos oficiais a SP
A embaixadores europeus, Marta ataca FHC
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Para uma platéia formada por
embaixadores de países europeus
no Brasil, a prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy, fez na tarde de ontem duras críticas ao governo do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Marta, vice-presidente nacional
licenciada do PT e candidata à
reeleição em outubro na capital
paulista, jogou sobre FHC a culpa
pela crise econômica pré-eleitoral
de 2002 e disse que houve "boicote" à cidade de São Paulo nos empréstimos dos bancos estatais.
A prefeita começou suas críticas
falando sobre o período pré-eleitoral. "Diferentemente do que se
falou na imprensa, que a economia andava mal porque existia o
medo do que faria o governo Lula,
(...) existia uma conseqüência da
política econômica de oito anos
do governo Fernando Henrique
Cardoso, com endividamento gigantesco do país, ameaça inflacionária muito grande, desemprego
sério e o país podendo chegar a
uma situação tipo a da Argentina", disse Marta, na abertura de
encontro de embaixadores da
União Européia no Brasil.
Segundo ela, Lula herdou essa
situação e, ao ser eleito, anunciou
uma política econômica de restauração da credibilidade. "E, se
pudéssemos [dizer], até um choque de capitalismo, porque este
país precisa de investimentos",
completou a petista.
Covas e o capitalismo
O termo "choque de capitalismo" é associado ao ex-governador Mário Covas, que, em 28 de
junho de 1989, escolhido como o
candidato tucano à Presidência,
discursou: "Basta de tanto subsídio, de tantos privilégios sem utilidade comprovada. O Brasil não
precisa apenas de um choque fiscal. Precisa também de um choque de capitalismo, um choque de
livre iniciativa, sujeita a riscos e
não apenas a prêmios".
Marta seguiu seus ataques dizendo que a cidade "viveu um
bloqueio de transferência de qualquer coisa durante o governo do
PSDB". "O empréstimo do
BNDES para transporte em São
Paulo não saiu enquanto o PSDB
esteve no poder. Agora, somos
tratadas como todas as cidades."
Imprecisão
Logo em seguida, Marta Suplicy
desfilou elogios ao governo federal e uma série de realizações políticas e econômicas da gestão Lula
-sendo que algumas são, no mínimo, imprecisas.
Ao citar a recente redução da taxa básica de juros para 16%, disse:
"Temos que ser realistas e pensar
que foi a taxa mais baixa que o
país viveu nos últimos sete anos".
Em janeiro de 2001, ainda na gestão FHC, a taxa chegou a 15,25%.
Em outro momento, a prefeita
afirmou que o início do governo
Lula "foi extremamente bem sucedido", citando "a conquista de
duas reformas muito importantes, a tributária e a da Previdência,
que foram perseguidas oito anos
pelo outro governo sem sucesso".
A reforma da Previdência foi
aprovada, mas alguns itens seguem sem regulamentação. Já a
tributária provoca polêmica no
Congresso, pois pontos centrais
do texto foram modificados no
Senado e não há consenso entre
os partidos políticos.
Segundo o embaixador irlandês
Martin Greene, anfitrião do evento, Marta comentou durante o almoço fechado que a mídia é mais
dura com o atual governo federal
do que com o anterior.
Depois do evento, questionada
pela Folha sobre suas críticas ao
governo do ex-presidente, Marta
preferiu não responder.
Contactada na tarde de ontem, a
assessoria de imprensa do ex-presidente não respondeu até o início
da noite. A secretária do Instituto
Fernando Henrique Cardoso disse que ele está nos EUA.
Texto Anterior: Mídia: Jô Soares adia entrevista com Lula Próximo Texto: Eleições 2004: Alckmin elogia Saulo e contraria tucanos Índice
|