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Operação Têmis só foi autorizada na véspera
DA REPORTAGEM LOCAL
O MPF (Ministério Público
Federal) e os agentes da Polícia
Federal envolvidos no planejamento da operação Têmis, que
contavam com dias de antecedência para colocá-la em prática, ficaram frustrados com o
longo intervalo entre o pedido
de mandado para a busca e
apreensão e a autorização, pelo
ministro-relator Felix Fischer.
A portaria autorizando as
buscas foi expedida às 16h da
quinta-feira, dia 19, véspera da
Têmis. Uma operação de busca
e apreensão do porte da Têmis
ou da Hurricane (furacão), no
Rio, realizada em 13 de abril,
exige uma antecedência de três
a quatro dias para organizar a
logística, convocar agentes da
PF de outros Estados, escalar
procuradores da República que
acompanhariam cada equipe.
A Operação Têmis foi montada prevendo-se que haveria
prisões. A PF escalou, inclusive,
superintendentes de alguns Estados, uma vez que seriam detidos juízes e desembargadores.
Foi na véspera que o MPF e a
PF souberam que Fischer não
havia autorizado as prisões.
Pedidos reiterados
Instaurado pelo Superior
Tribunal de Justiça em 15 de
dezembro de 2006, o inquérito
547, que suscitou a Operação
Têmis, tramitou normalmente
nos primeiros meses. Em determinado momento, o relator
autorizou o MPF a compartilhar o acervo de provas com o
fisco, o que permitiu um trabalho integrado entre os órgãos. A
PF formalizou o pedido de busca e apreensão e de prisão para
todas as 43 pessoas envolvidas
na suposta quadrilha. A expectativa era a de uma grande operação policial a ser realizada
antes da Semana Santa.
Quando foi identificado o vazamento de informações relacionadas à investigação, em
março, o MPF e a PF reforçaram os pedidos ao ministro Felix Fischer -em caráter de urgência- para que fosse marcada a data da operação Têmis,
com a prisão dos suspeitos, e
para que fossem expedidos os
mandados.
Depois da Operação Hurricane, a PF reiterou o pedido de
expedição de mandado de busca e apreensão, agora ampliando os endereços a serem cobertos pela operação.
Vazamento
Diálogos interceptados pela
Polícia Federal revelaram que o
empresário Sidney Ribeiro
-que atuava como lobista e intermediário na suposta quadrilha- contratara os policiais civis Celsio Pereira de Almeida
(vulgo "Xuxinha") e José Luiz
Costa Álvares para rastrear os
telefones usados pelo grupo.
O objetivo era verificar se havia algum "grampo". Um funcionário da Telefônica confirmou que os telefones indicados
estavam sendo monitorados.
Os membros da suposta quadrilha foram alertados. Mas
persistiu a dúvida entre os parceiros no esquema: saber se havia uma interceptação autorizada pela Justiça, ou um
"grampo" de outra origem.
Quando eclodiu a Operação
Hurricane as conversas monitoradas entre membros do grupo sob investigação passaram a
ser ainda mais cautelosas.
Funcionários da Justiça Federal revelaram ao MPF que,
dois dias antes da deflagração
da Têmis, alguns funcionários
retiraram caixas com documentos dos gabinetes dos juízes Djalma Moreira Gomes, da
25ª Vara Cível, e Maria Cristina
Barongeno Cukierkorn, da 23ª
Vara Cível.
Os dois policiais, "Xuxinha" e
Costa Álvares, também foram
alvo da busca e apreensão realizada no dia 20. Foi instaurada
uma sindicância interna para
apurar a responsabilidade pelo
vazamento na empresa de telefonia. Um funcionário foi afastado.
(FV)
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