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Lula negocia com oposição para ter CPIs "civilizadas"
Presidente quer evitar beligerância nas eventuais comissões sobre o apagão aéreo
Determinação a aliados é controlar as CPIs; Lula vai cobrar fidelidade da maioria na Câmara e negociar com oposição no Senado
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comanda diretamente articulação para tentar estabelecer acordo com a oposição
a fim de colocar limites à beligerância entre governo e adversários caso sejam instaladas
CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) do Apagão
Aéreo na Câmara e no Senado.
Entre os objetivos da conversa de Lula com o presidente do
PSDB, senador Tasso Jereissati, na quinta-feira passada, no
Palácio do Planalto, estava a
tentativa de estabelecer uma
convivência mais civilizada na
comparação com as CPIs do escândalo do mensalão.
No dia anterior, o governador de São Paulo, José Serra,
também teve conversa com Lula no Planalto. Falaram de CPI.
Na avaliação do Palácio do
Planalto, as duas CPIs devem
ser criadas. Nesta semana, o
STF (Supremo Tribunal Federal) decidirá se é direito da minoria instalar a CPI do Apagão
Aéreo na Câmara. Manobra do
governo tem evitado essa CPI.
A determinação de Lula aos
aliados é controlar as CPIs. Segundo relato de ministros, o
presidente disse que cobrará fidelidade da ampla maioria parlamentar na Câmara. No Senado, onde tem maioria apertada,
a negociação com a oposição é
mais importante.
Isso ajuda a explicar a aproximação com Tasso, Serra e com
o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA). Lula e
ACM trocaram insultos na
campanha, mas, no início do
mês, reataram em audiência no
Planalto. Lula se reunirá com
outros senadores pefelistas.
Escaldado com as CPIs do escândalo do mensalão, a maior
crise do primeiro mandato, Lula avalia que, na Câmara, é mais
fácil impor a vontade da maioria. Na CPI da Câmara, há 23
vagas. Dezesseis irão a governistas. Sete, à oposição. O prazo
de duração é 120 dias. O Planalto quer que PT e PMDB fiquem
com presidência e relatoria.
Os petistas mais cotados são
Jorge Bittar (RJ) e Candido
Vaccarezza (SP). O peemedebista Eduardo Cunha (RJ) tem
trabalhado para pegar uma das
posições, mas o Planalto resiste
pela ligação com o ex-governador Anthony Garotinho. O governo teme depender demais
da dupla Cunha-Garotinho.
Uma ala do PT gostaria de
negociar com o PSDB. Indicaria o presidente da CPI, para
controlar o ritmo dos trabalhos, e apoiaria Vanderlei Macris (PSDB-SP), um dos autores
do requerimento de criação,
para relatar a investigação.
No Senado, a CPI duraria 180
dias e teria 13 integrantes -7
do governo e 6 da oposição.
Jobim e Defesa
Na semana passada, Lula enviou novos emissários para tentar convencer o ex-presidente
do STF Nelson Jobim a assumir o Ministério da Defesa. Jobim já recusou uma sondagem,
mas tem sido pressionado. Lula
já decidiu substituir o atual ministro, Waldir Pires.
A Folha apurou que Jobim
está reconsiderando o assunto.
A família resiste, pois, como
advogado, ele tem tido sucesso
na confecção de pareceres. No
ministério, receberia salário de
ministro, menor do que o ganho na iniciativa privada.
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