São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2007

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Lula negocia com oposição para ter CPIs "civilizadas"

Presidente quer evitar beligerância nas eventuais comissões sobre o apagão aéreo

Determinação a aliados é controlar as CPIs; Lula vai cobrar fidelidade da maioria na Câmara e negociar com oposição no Senado

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comanda diretamente articulação para tentar estabelecer acordo com a oposição a fim de colocar limites à beligerância entre governo e adversários caso sejam instaladas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) do Apagão Aéreo na Câmara e no Senado.
Entre os objetivos da conversa de Lula com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, na quinta-feira passada, no Palácio do Planalto, estava a tentativa de estabelecer uma convivência mais civilizada na comparação com as CPIs do escândalo do mensalão.
No dia anterior, o governador de São Paulo, José Serra, também teve conversa com Lula no Planalto. Falaram de CPI.
Na avaliação do Palácio do Planalto, as duas CPIs devem ser criadas. Nesta semana, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidirá se é direito da minoria instalar a CPI do Apagão Aéreo na Câmara. Manobra do governo tem evitado essa CPI.
A determinação de Lula aos aliados é controlar as CPIs. Segundo relato de ministros, o presidente disse que cobrará fidelidade da ampla maioria parlamentar na Câmara. No Senado, onde tem maioria apertada, a negociação com a oposição é mais importante.
Isso ajuda a explicar a aproximação com Tasso, Serra e com o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA). Lula e ACM trocaram insultos na campanha, mas, no início do mês, reataram em audiência no Planalto. Lula se reunirá com outros senadores pefelistas.
Escaldado com as CPIs do escândalo do mensalão, a maior crise do primeiro mandato, Lula avalia que, na Câmara, é mais fácil impor a vontade da maioria. Na CPI da Câmara, há 23 vagas. Dezesseis irão a governistas. Sete, à oposição. O prazo de duração é 120 dias. O Planalto quer que PT e PMDB fiquem com presidência e relatoria.
Os petistas mais cotados são Jorge Bittar (RJ) e Candido Vaccarezza (SP). O peemedebista Eduardo Cunha (RJ) tem trabalhado para pegar uma das posições, mas o Planalto resiste pela ligação com o ex-governador Anthony Garotinho. O governo teme depender demais da dupla Cunha-Garotinho.
Uma ala do PT gostaria de negociar com o PSDB. Indicaria o presidente da CPI, para controlar o ritmo dos trabalhos, e apoiaria Vanderlei Macris (PSDB-SP), um dos autores do requerimento de criação, para relatar a investigação.
No Senado, a CPI duraria 180 dias e teria 13 integrantes -7 do governo e 6 da oposição.

Jobim e Defesa
Na semana passada, Lula enviou novos emissários para tentar convencer o ex-presidente do STF Nelson Jobim a assumir o Ministério da Defesa. Jobim já recusou uma sondagem, mas tem sido pressionado. Lula já decidiu substituir o atual ministro, Waldir Pires.
A Folha apurou que Jobim está reconsiderando o assunto. A família resiste, pois, como advogado, ele tem tido sucesso na confecção de pareceres. No ministério, receberia salário de ministro, menor do que o ganho na iniciativa privada.


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