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Voluntários fazem fila
para levar choque em feira
de material bélico no Rio
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
De graça, até choque.
"Tem estande que dá chaveirinho, pôster. Eu dou um
choque de 50 mil volts e o cara me agradece", diz Eduardo Terra, instrutor no funcionamento da pistola Taser,
uma arma não-letal para uso
da polícia e das Forças Armadas que causava filas de
voluntários interessados em
experimentar a sensação durante a feira de material bélico LAAD 2007, no Rio.
Houve até um voluntário
que se deu mal. O choque o
fez cuspir longe a dentadura,
resgatada por outros assistentes do inusitado, e, para
vários, hilariante drama.
O "choque" não é bem isso,
tecnicamente. Apesar dos 50
mil volts, a amperagem é baixa -meros 3,6 miliampères,
o que impede a arma de causar problemas médicos no
seu alvo. O Taser funciona
confundindo os impulsos
elétricos do cérebro aos
músculos, que ficam paralisados, fazendo o voluntário
cair -na feira, felizmente,
num colchão. E foram centenas de voluntários das 10h às
17h, horário de funcionamento da feira.
"Começa a tremer tudo, a
gente não consegue se segurar", diz André Leal Gaio,
aluno do primeiro ano do
Instituto Militar de Engenharia, que levou o "choque"
com três colegas.
"Você pensa que é uma
eternidade. O tempo pára",
diz outra voluntária e aluna
do IME, Priscilla Farias.
"Não dá pra gritar nada, só
dá pra tremer", diz o aluno
de engenharia, Leandro
Couto Correia. Nem sempre.
Alguns voluntários, muitos
deles militares das três forças, deram belos gritos depois, tornando o estande o
mais movimentado da feira.
Por enquanto, apenas a
Guarda Municipal de Araçariguama (SP) emprega regularmente o Taser no Brasil. A
arma pode ser disparada a
até dez metros do alvo, de
acordo com o cartucho usado. "A arma marca os disparos realizados, a duração e
quem fez, uma garantia dos
direitos humanos", diz Elton
Clemente Jr, diretor da Seguritec, que comercializa o
Taser, fabricado nos EUA.
Uma arma semelhante, a
pistola Stinger, também era
oferecida na feira pela empresa Welser Itage. A empresa Condor mostrou a granada "bailarina" de gás lacrimogênio, que fica dançando
no chão, tornando mais difícil que um manifestante a
chute de volta. Outra versão
se divide em três ou cinco
pedaços -chamados submunições-, ainda por cima
quentes, também diminuindo as chances da multidão
em um distúrbio devolvê-la.
As clássicas balas de borracha também ganharam
uma nova versão, feita de espuma, que tende a causar
menos danos na vítima em
caso de utilização errada.
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