São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2007

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Voluntários fazem fila para levar choque em feira de material bélico no Rio

ENVIADO ESPECIAL AO RIO

De graça, até choque. "Tem estande que dá chaveirinho, pôster. Eu dou um choque de 50 mil volts e o cara me agradece", diz Eduardo Terra, instrutor no funcionamento da pistola Taser, uma arma não-letal para uso da polícia e das Forças Armadas que causava filas de voluntários interessados em experimentar a sensação durante a feira de material bélico LAAD 2007, no Rio.
Houve até um voluntário que se deu mal. O choque o fez cuspir longe a dentadura, resgatada por outros assistentes do inusitado, e, para vários, hilariante drama.
O "choque" não é bem isso, tecnicamente. Apesar dos 50 mil volts, a amperagem é baixa -meros 3,6 miliampères, o que impede a arma de causar problemas médicos no seu alvo. O Taser funciona confundindo os impulsos elétricos do cérebro aos músculos, que ficam paralisados, fazendo o voluntário cair -na feira, felizmente, num colchão. E foram centenas de voluntários das 10h às 17h, horário de funcionamento da feira.
"Começa a tremer tudo, a gente não consegue se segurar", diz André Leal Gaio, aluno do primeiro ano do Instituto Militar de Engenharia, que levou o "choque" com três colegas.
"Você pensa que é uma eternidade. O tempo pára", diz outra voluntária e aluna do IME, Priscilla Farias.
"Não dá pra gritar nada, só dá pra tremer", diz o aluno de engenharia, Leandro Couto Correia. Nem sempre. Alguns voluntários, muitos deles militares das três forças, deram belos gritos depois, tornando o estande o mais movimentado da feira.
Por enquanto, apenas a Guarda Municipal de Araçariguama (SP) emprega regularmente o Taser no Brasil. A arma pode ser disparada a até dez metros do alvo, de acordo com o cartucho usado. "A arma marca os disparos realizados, a duração e quem fez, uma garantia dos direitos humanos", diz Elton Clemente Jr, diretor da Seguritec, que comercializa o Taser, fabricado nos EUA.
Uma arma semelhante, a pistola Stinger, também era oferecida na feira pela empresa Welser Itage. A empresa Condor mostrou a granada "bailarina" de gás lacrimogênio, que fica dançando no chão, tornando mais difícil que um manifestante a chute de volta. Outra versão se divide em três ou cinco pedaços -chamados submunições-, ainda por cima quentes, também diminuindo as chances da multidão em um distúrbio devolvê-la.
As clássicas balas de borracha também ganharam uma nova versão, feita de espuma, que tende a causar menos danos na vítima em caso de utilização errada.


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