São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2008

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Base aliada barra outra ida de Dilma a Senado

Governo evita mais uma convocação para ministra falar de dossiê; presidente da Casa vê "paternalismo" do Planalto com "mãe do PAC"

Chefe da Casa Civil, que já tinha sido convocada pela Comissão de Infra-Estrutura do Senado, confirmou que falará sobre o PAC no dia 30


ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A base aliada do governo no Senado derrubou ontem novo requerimento de convocação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o que levou o presidente do Congresso, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), a afirmar que "está havendo excesso de proteção à ministra".
Garibaldi acusou o governo de agir com "paternalismo" para proteger Dilma, por ela ser considerada "a mãe do PAC", e disse que ela vai depor de qualquer jeito porque há muitos requerimentos nesse sentido.
"Acho que está havendo excesso de proteção à ministra. A ministra é a mãe do PAC e agora está havendo um paternalismo muito grande em torno dela como se não pudesse dizer alguma coisa", disse Garibaldi.
O requerimento, do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), convocava a ministra para depor na Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle do Senado sobre o dossiê montado na Casa Civil e que revelou gastos sigilosos da Presidência da República. A votação foi simbólica, sem placar. Mas, desta vez, para não ser surpreendida, a base estava em peso na reunião.
A ministra, que vem mantendo a versão de que a pasta fez um "banco de dados" e não um dossiê, já afirmou que tem mais o que fazer do que dar explicações ao Congresso sobre o caso. "O Palácio e eu, em particular, temos mais coisas a fazer", disse Dilma no final de março.
Segundo o presidente do Senado, apesar da blindagem, Dilma falará de qualquer jeito, porque "o que não falta é requerimento a convocando". Ele disse que o "excesso de zelo" dos governistas só a prejudica.
"Há horas em que uma dedicação como essa não faz bem à ministra, ao governo, ao país. Já está na hora de a ministra falar e não é por falta de requerimento que deixará de vir. Nunca vi tantas convocações", afirmou Garibaldi Alves.
A Comissão de Infra-Estrutura do Senado já aprovou dois requerimentos de convocação da ministra aproveitando-se da ausência da base aliada nas reuniões. Um deles, para ela falar só sobre o dossiê. Hoje, a oposição fará nova tentativa de convocar a ministra, desta vez na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A estratégia é constranger o governo.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse ontem que Dilma vai depor dia 30. A data foi escolhida por ser uma quarta-feira que antecede o feriado do Dia do Trabalho, quando o Congresso estará esvaziado e a repercussão costuma ser pequena.
O depoimento na comissão é para que Dilma fale sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). "Qualquer resposta [sobre se ela for perguntada do dossiê] vai depender da vontade da ministra", disse Jucá.
Com relação à outra convocação aprovada na mesma comissão, para que ela explique a confecção do dossiê na Casa Civil, a base vai tentar reverter essa decisão na próxima semana.
Na CPI dos Cartões Corporativos, já foram derrubados dois requerimentos de convocação da ministra e de suas principais auxiliares: Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil e braço direito da ministra e Maria Soledad Castilho, chefe-de-gabinete da ministra. As duas participaram de reuniões que culminaram na decisão de montar o dossiê.
Os dados foram usados por parlamentares da base aliada para tentar impedir a instalação da CPI dos Cartões Corporativos no Congresso.


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