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Base aliada barra outra ida de Dilma a Senado
Governo evita mais uma convocação para ministra falar de dossiê; presidente da Casa vê "paternalismo" do Planalto com "mãe do PAC"
Chefe da Casa Civil, que já tinha sido convocada pela Comissão de Infra-Estrutura do Senado, confirmou que falará sobre o PAC no dia 30
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A base aliada do governo no
Senado derrubou ontem novo
requerimento de convocação
da ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil), o que levou o presidente do Congresso, senador
Garibaldi Alves (PMDB-RN), a
afirmar que "está havendo excesso de proteção à ministra".
Garibaldi acusou o governo
de agir com "paternalismo" para proteger Dilma, por ela ser
considerada "a mãe do PAC", e
disse que ela vai depor de qualquer jeito porque há muitos requerimentos nesse sentido.
"Acho que está havendo excesso de proteção à ministra. A
ministra é a mãe do PAC e agora está havendo um paternalismo muito grande em torno dela
como se não pudesse dizer alguma coisa", disse Garibaldi.
O requerimento, do líder do
PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), convocava a ministra
para depor na Comissão de
Meio Ambiente, Fiscalização e
Controle do Senado sobre o
dossiê montado na Casa Civil e
que revelou gastos sigilosos da
Presidência da República. A votação foi simbólica, sem placar.
Mas, desta vez, para não ser
surpreendida, a base estava em
peso na reunião.
A ministra, que vem mantendo a versão de que a pasta fez
um "banco de dados" e não um
dossiê, já afirmou que tem mais
o que fazer do que dar explicações ao Congresso sobre o caso.
"O Palácio e eu, em particular,
temos mais coisas a fazer", disse Dilma no final de março.
Segundo o presidente do Senado, apesar da blindagem, Dilma falará de qualquer jeito,
porque "o que não falta é requerimento a convocando". Ele
disse que o "excesso de zelo"
dos governistas só a prejudica.
"Há horas em que uma dedicação como essa não faz bem à
ministra, ao governo, ao país.
Já está na hora de a ministra falar e não é por falta de requerimento que deixará de vir. Nunca vi tantas convocações", afirmou Garibaldi Alves.
A Comissão de Infra-Estrutura do Senado já aprovou dois
requerimentos de convocação
da ministra aproveitando-se da
ausência da base aliada nas reuniões. Um deles, para ela falar
só sobre o dossiê. Hoje, a oposição fará nova tentativa de convocar a ministra, desta vez na
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A estratégia é
constranger o governo.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
disse ontem que Dilma vai depor dia 30. A data foi escolhida
por ser uma quarta-feira que
antecede o feriado do Dia do
Trabalho, quando o Congresso
estará esvaziado e a repercussão costuma ser pequena.
O depoimento na comissão é
para que Dilma fale sobre o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento). "Qualquer
resposta [sobre se ela for perguntada do dossiê] vai depender da vontade da ministra",
disse Jucá.
Com relação à outra convocação aprovada na mesma comissão, para que ela explique a
confecção do dossiê na Casa Civil, a base vai tentar reverter essa decisão na próxima semana.
Na CPI dos Cartões Corporativos, já foram derrubados dois
requerimentos de convocação
da ministra e de suas principais
auxiliares: Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil e braço direito da ministra e
Maria Soledad Castilho, chefe-de-gabinete da ministra. As
duas participaram de reuniões
que culminaram na decisão de
montar o dossiê.
Os dados foram usados por
parlamentares da base aliada
para tentar impedir a instalação da CPI dos Cartões Corporativos no Congresso.
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