São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2010

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Ex-guerrilheiro virou jogador de futebol

DO ENVIADO A GROSSOS (RN)

João Carlos Campos Wisnesky era um guerrilheiro amigo de artistas e jogadores de futebol. Ele mesmo foi jogador profissional, conhecido por Paquetá, referência à ilha em que nasceu e morou. Como volante, atuou no América (RJ), onde se profissionalizou, no Flamengo e em times pequenos de França, Holanda e Bélgica.
Ao voltar do Araguaia, no final de 1973, passou meses escondido na casa de amigos e parentes. Conseguiu se reinserir na sociedade pelo futebol. Quem o ajudou foram o compadre Afonsinho e o também médico Afonso Celso Garcia Reis, que jogou em Botafogo, Flamengo, Santos e Fluminense.
Paquetá integrou também equipes de veteranos. Excursionou com os campeões do mundo Nilton Santos, Orlando Peçanha, Mané Garrincha e o ponta-esquerda Edu (ex-Santos). Até em Angola jogou, num projeto que unia música e futebol idealizado pelos cantores Martinho da Vila e João Nogueira nos anos 80.
Paquetá começou no juvenil do América. Em 1963, foi campeão estadual pelo Flamengo, mas não jogou nenhuma partida por estar com hepatite. No ano seguinte, foi para a Europa. Até hoje guarda fotos com o craque argentino Di Stéfano.
No fim de 1967, voltou ao país disposto a fazer vestibular para medicina. Passou para a Faculdade Federal de Medicina e Cirurgia (atual Uni-Rio) e abandonou o futebol. No primeiro ano do curso, em 1969, começou a militar no movimento estudantil, ingressou no PC do B e caiu na clandestinidade.
Em 1971, viajou ao Araguaia e ainda convenceu a acompanhá-lo amigos e a companheira Maria Célia Corrêa, a Rosa, até hoje desaparecida. O casal já não estava junto quando ele fugiu.
Antes de ir à guerrilha, Wisnesky esteve preso um mês em São Paulo. Conta ter visto no cárcere a hoje pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). "Ela foi muita torturada, mas teve um comportamento digno", disse Wisnesky, que anunciou a intenção de não votar em Dilma, por considerá-la despreparada para o cargo. (ST)


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