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OPERAÇÃO CONDOR
Dos 149 nomes em lista do Exército brasileiro, faltam 20
Argentinos buscados em 76 ainda estão desaparecidos
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Vinte dos 149 argentinos procurados pelo regime militar brasileiro em 1976 estão desaparecidos,
segundo rastreamento feito pelo
presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio
Grande do Sul, Jair Krischke.
O levantamento foi feito a partir
de uma lista emitida pelo CIE
(Centro de Informações do Exército), com 149 nomes que deveriam ser procurados pela repressão do Brasil. O documento, obtido pela Folha no Rio, foi revelado
na semana passada.
O "pedido de busca 771" é do
dia 5 de outubro de 1976, ou seja,
quando a Operação Condor estava em andamento.
Após listar os nomes, o CIE do
1º Exército, no Rio, esclarece os
"dados solicitados": "A imediata
detenção e comunicação UU (em
urgência urgentíssima) a esta AI
(agência de informação) dos que
forem encontrados em território
nacional em atuação irregular
quanto à entrada no país (...) Localização, manutenção sob vigilância cerrada e imediata comunicação dos que estiverem em situação legal no país."
Os argentinos desaparecidos
que constavam na lista brasileira
de procurados são o escrivão Aldo Melitón Bustos Vergara, Alfredo López, Antonio Armando
Arias, Antonio Horacio Arrue,
Antonio Milagro Villanueva, Arturo Martín Garin, Berta del Carmen Torres, Carlos Rafael Espeche Díaz, Roberto Carlos Pasero,
Crescencio Vargas, Horacio Daniel Olivencia, Eduardo Lazart,
Gladis del Valle Porcel de Puggione, Guillermo Arrue, Hector Nicolas Brizuela, Horacio Santos
Nuñez, Hugo Alfonso Massuco,
Hugo Hernán Pacheco, Matilde
Itzigshon de García Camppanini,
Nora Schiapponi e Norma Alicia
Schipanni de Sasso.
Parentes
Há ainda parentes dessas pessoas que também desapareceram.
Por exemplo, a irmã do metalúrgico Arturo Martín Garin, 32, a
médica María Adelia Garin de
Angelis; o cunhado Ruben Mario
de Angelis; e o filho dos dois (sobrinho de Garin). María Adelia
estava grávida ao desaparecer.
Berta del Carmen Torres, 25,
também teve um filho nascido na
prisão. O mesmo ocorreu com o
filho de Gladis del Valle Porcel de
Puggione, 24. Com o médico Carlos Rafael Espeche Díaz, 29, desapareceu sua mulher, a também
médica Mercedes Salvadora Eva
Vega de Espeche, 31. Com o químico Hugo Hernán Pacheco, 23,
desapareceu sua mulher, Amalia
Echegoyen de Pacheco.
A maioria dos nomes conferidos por Krischke tem identificados a idade, a profissão e o local
onde foram detidos.
"Podemos saber o último local
onde eles foram vistos. O Brasil,
no mínimo, colaborou ao distribuir os nomes das pessoas procuradas para busca por parte da polícia e do Exército", disse.
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