São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2000


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OPERAÇÃO CONDOR
Dos 149 nomes em lista do Exército brasileiro, faltam 20
Argentinos buscados em 76 ainda estão desaparecidos

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Vinte dos 149 argentinos procurados pelo regime militar brasileiro em 1976 estão desaparecidos, segundo rastreamento feito pelo presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Jair Krischke.
O levantamento foi feito a partir de uma lista emitida pelo CIE (Centro de Informações do Exército), com 149 nomes que deveriam ser procurados pela repressão do Brasil. O documento, obtido pela Folha no Rio, foi revelado na semana passada.
O "pedido de busca 771" é do dia 5 de outubro de 1976, ou seja, quando a Operação Condor estava em andamento.
Após listar os nomes, o CIE do 1º Exército, no Rio, esclarece os "dados solicitados": "A imediata detenção e comunicação UU (em urgência urgentíssima) a esta AI (agência de informação) dos que forem encontrados em território nacional em atuação irregular quanto à entrada no país (...) Localização, manutenção sob vigilância cerrada e imediata comunicação dos que estiverem em situação legal no país."
Os argentinos desaparecidos que constavam na lista brasileira de procurados são o escrivão Aldo Melitón Bustos Vergara, Alfredo López, Antonio Armando Arias, Antonio Horacio Arrue, Antonio Milagro Villanueva, Arturo Martín Garin, Berta del Carmen Torres, Carlos Rafael Espeche Díaz, Roberto Carlos Pasero, Crescencio Vargas, Horacio Daniel Olivencia, Eduardo Lazart, Gladis del Valle Porcel de Puggione, Guillermo Arrue, Hector Nicolas Brizuela, Horacio Santos Nuñez, Hugo Alfonso Massuco, Hugo Hernán Pacheco, Matilde Itzigshon de García Camppanini, Nora Schiapponi e Norma Alicia Schipanni de Sasso.

Parentes
Há ainda parentes dessas pessoas que também desapareceram. Por exemplo, a irmã do metalúrgico Arturo Martín Garin, 32, a médica María Adelia Garin de Angelis; o cunhado Ruben Mario de Angelis; e o filho dos dois (sobrinho de Garin). María Adelia estava grávida ao desaparecer.
Berta del Carmen Torres, 25, também teve um filho nascido na prisão. O mesmo ocorreu com o filho de Gladis del Valle Porcel de Puggione, 24. Com o médico Carlos Rafael Espeche Díaz, 29, desapareceu sua mulher, a também médica Mercedes Salvadora Eva Vega de Espeche, 31. Com o químico Hugo Hernán Pacheco, 23, desapareceu sua mulher, Amalia Echegoyen de Pacheco.
A maioria dos nomes conferidos por Krischke tem identificados a idade, a profissão e o local onde foram detidos.
"Podemos saber o último local onde eles foram vistos. O Brasil, no mínimo, colaborou ao distribuir os nomes das pessoas procuradas para busca por parte da polícia e do Exército", disse.


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