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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Senador rejeita convite de Temer para ir ao anúncio de Rita Camata; mulher do gaúcho prevê derrota de Serra
Preterido, Simon recusa referendar chapa
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Pedro Simon
(PMDB-RS) ficou magoado com
a forma com que foi tratado pela
cúpula do seu partido no episódio
da escolha do candidato a vice-presidente na chapa do presidenciável tucano, José Serra (SP).
Ele se recusou a participar do
anúncio oficial do nome de Rita
Camata para a vice de Serra, realizado na presidência do PMDB, e
não retornou ao Senado.
Na avaliação de amigos de Simon, a cúpula peemedebista o envolveu, criando falsa expectativa de que poderia ser ele o escolhido,
quando, aparentemente, a opção
por Rita já havia sido feita. Alguns
enxergavam uma manobra dos
governistas para enfraquecer a ala
do PMDB que se opõe à coligação
com Serra.
Encontro
Pouco antes do anúncio oficial,
o presidente do PMDB, Michel
Temer (SP), foi à casa de Simon
para informá-lo da decisão.
Chegou a sugerir que Simon
fosse à presidência do PMDB participar do ato e que, na hora do
anúncio, abrisse mão de sua indicação em favor de Rita. A sugestão irritou o peemedebista, que se
recusou a participar da encenação
e encerrou a conversa.
Na saída, Temer teria ouvido de
Ivete, mulher de Simon, o comentário de que o PMDB não havia
feito uma boa escolha e deverá
perder a eleição. Diplomaticamente, o presidente do PMDB
respondeu que também achava.
Na conversa com Simon, Temer
disse que a opinião do publicitário Nizan Guanaes, marqueteiro
da campanha de Serra, pesou na
escolha do nome de Rita.
Aliados de Simon acham que o
comando da campanha de Serra
trocou ""conteúdo por embalagem". Dizem também que o senador foi tratado de forma desrespeitosa, já que circulou a versão
segundo a qual ele foi vetado pelo
presidente Fernando Henrique
Cardoso. O Planalto negou essa
versão.
Oposição
Peemedebistas suspeitam que a
cúpula do partido quis envolver
Simon para enfraquecer a ala independente do PMDB que é contrária à coligação com o PSDB.
Analisam que o tiro pode sair pela
culatra.
O raciocínio é que o fato de Simon ter sido preterido poderá
fortalecer o setor oposicionista do
partido, porque Simon tem forte
influência sobre os votos dos convencionais do Rio Grande do Sul
(60) e de Santa Catarina (39). "Se
os votos dos dois Estados forem
contra a coligação, eles [os governistas" vão perder por uns 30 votos", afirmou o senador José Sarney (PMDB-SP), um dos principais líderes dessa ala.
"Com o Pedro, nosso compromisso [em apoiar a coligação] era
maior, porque nosso candidato a
governador, Luiz Henrique, estava com ele. Agora a gente fica
mais livre", disse o senador Casildo Maldaner, presidente do
PMDB de Santa Catarina.
O deputado Cezar Schirmer,
presidente do PMDB gaúcho,
afirmou que o partido vai analisar
o quadro para tomar uma posição. Enquanto Simon era cotado
para ser vice, o diretório havia se
posicionado a seu lado, contra a
ala independente, que prega que o
partido não apóie nenhum candidato a presidente.
Essa posição pode ser revista.
"Se é verdadeira a hipótese de que
foi tudo uma armação [o envolvimento de Simon no episódio da
escolha do vice], é de uma malícia
inominável. Isso não se faz com
um homem com a biografia do
senador Pedro Simon", disse
Schirmer.
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