São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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Marido de Rita diz que pode abandonar política

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Gerson Camata (PMDB-ES), 61, afirmou ontem que pode abandonar a carreira política de quase 40 anos para cuidar dos filhos Enza Rafaela, 16, e Bruno, um ano e sete meses, permitindo que a mulher, a deputada federal Rita Camata (PMDB-ES), se dedique exclusivamente à campanha eleitoral e posteriormente, se eleita, à Vice-Presidência.
Com mandatos de vereador de Vitória, deputado estadual, deputado federal (duas vezes), governador (1983-86) e senador (duas vezes) no currículo, Camata afirmou que está animado com a possibilidade de se tornar o "segundo-damo" do país.
"Não considero esse um papel secundário. O importante é a união da família e que alguém dê mais atenção aos filhos", disse o senador. "Ela vai sumir pelo Brasil afora. Eu já estou com pena do Bruninho, que é muito apegado a ela", completou.

"Coronelismo"
Camata vai discutir com correligionários do Estado a hipótese de não disputar a reeleição no Senado. O cuidado com os filhos não é sua única preocupação. Ele teme a pecha de coronel.
"O marido disputando o Senado e a mulher, a Vice-Presidência, vai parecer coronelismo", argumentou. Ele pode abrir mão da candidatura também para acomodar outros políticos no Estado.
Casado há 18 anos com Rita, o senador disse não ter ciúmes da mulher, considerada uma das mais bonitas do Congresso. "Tenho confiança nela. É uma boa mãe e muito trabalhadora", disse.
Orgulhoso, Camata afirmou que a candidatura de Rita a vice-presidente ""coroa" sua luta na defesa dos direitos da criança e da mulher e pela austeridade fiscal, porque ela foi autora do projeto da chamada "Lei Camata", que limitava os gastos com funcionalismo, embrião da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Quanto aos rumores de que existiria um dossiê com denúncias contra ele, o senador afirmou que nada teme. "Podem vasculhar minha vida. Não vão encontrar nada, graças a Deus. Todos os meus bens estão declarados."
A filha mais velha do casal, Enza, também está animada com a possibilidade de a mãe ser vice-presidente. Segundo o pai, já tirou o título de eleitor em Vitória para votar na chapa encabeçada por José Serra (PSDB-SP).
Camata não considera estranho o fato de Rita integrar a chapa governista tendo adotado uma linha de oposição como congressista. "Uma coligação é uma aliança entre gente que pensa diferente sobre ideais que podem ser comuns", disse.
Ele fez questão de lembrar a coincidência de Rita ter sido confirmada pré-candidata a vice no dia de santa Rita de Cássia. Para ele, é um bom sinal. A santa é padroeira das causas impossíveis. (RAQUEL ULHÔA)



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