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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Pré-candidato diz que EUA fazem "o que deveríamos fazer' na defesa de emprego, indústria e agricultura
Lula defende protecionismo como dos EUA
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O pré-candidato do PT a presi
dente, Luiz Inácio Lula da Silva,
defendeu ontem a política comer
cial protecionista adotada pelo
governo de George W. Bush nos
Estados Unidos como modelo a
ser adotado pelo Brasil.
"Há produtos pelos quais o Bra
sil deveria brigar e não briga. O
Brasil deve se comportar sabendo
que tem competitividade, com
vontade política para isso. Eles [os
EUA" estão fazendo o que deve
ríamos fazer: defendendo seu em
prego, sua agricultura e sua in
dústria'', disse o líder petista.
No final da tarde, após saber a
repercussão das declarações do
pré-candidato, seu porta-voz, An
dré Singer, divulgou nota em que
nega que Lula tenha defendido o
protecionismo norte-americano.
"Lula cobrou do governo brasi
leiro que agisse em defesa de nos
sos empregos, da nossa indústria
e da nossa agricultura com a mes
ma agressividade usada pelos
EUA em defesa dos seus", diz.
Duas decisões recentes dos Es
tados Unidos prejudicam o co
mércio exterior brasileiro. A pri
meira, a sobretaxa às importações
de aço; a segunda, a Farm Bill, ins
trumento pelo qual a produção
agrícola norte-americana é subsi
diada. No primeiro caso, o Brasil
registrou queixa na OMC (Orga
nização Mundial do Comércio).
É a segunda vez em que Lula de
fende o protecionismo de outros
países como modelo a ser seguido
pelo Brasil. No ano passado, fez o
mesmo sobre os subsídios agríco
las franceses (leia texto nesta pági
na). O petista falava ontem a em
presários em Porto Alegre.
Sobre se um presidente de es
querda seria bem ou mal recebido
para negociar em Washington,
Lula afirmou que o Brasil pode
negociar em igualdade de condi
ções com outros países e usou o
exemplo da China, que, segundo
ele, apesar de comunista, é um
parceiro preferencial dos EUA.
O petista disse que, se não fosse
para ""radicalizar'' o combate à fo
me e à miséria, não haveria moti
vo para chegar ao poder. ""Quere
mos uma ruptura desse modelo
econômico para acabar com a fo
me e com a miséria, para dimi
nuir o desemprego, para fazer
mos as reformas que têm de ser
feitas. O PT vai radicalizar no
combate à fome e à miséria. É pa
ra isso que interessa o PT ganhar
as eleições.''
Saia justa
Lula usou de diplomacia ao ter
de defender o governador do Rio
Grande do Sul, o petista Olívio
Dutra (que estava presente), de
fortes críticas feitas pelo presiden
te da Federasul (Federação das
Associações Empresariais do Rio
Grande do Sul), Paulo Feijó.
De acordo com Feijó, no Estado,
"os empresários não têm muito a
agradecer ao governo petista, até
porque nos encontramos à mercê
de um forte ranço socialista, onde
prevalece não só o desrespeito à
propriedade privada, como uma
aversão às atividades empresa
riais lucrativas que afugentaram
não só a Ford como vários micros,
pequenos e médios projetos que
estavam surgindo ao redor dessa
grande empresa''.
Usando um tom agressivo em
relação a Lula, Feijó disse ter ""me
do'' do seu programa de governo
e perguntou: ""Por que o presiden
te Lula deseja ficar com a chave do
Banco Central? Para emitir di
nheiro falso, sem lastro produti
vo, gerador de inflação? Qual é,
enfim, o verdadeiro motivo?''.
Lula afirmou que ""não faltou es
paço para negociação'' no gover
no de Olívio e respondeu: ""Não
mudei, sou o resultado da evolu
ção da espécie humana''.
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