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TENSÃO NO CAMPO
Para presidente da CPT, sem-terra que invadiram engenho em PE são vítimas da violência há seis anos
Pastoral envia telegrama com críticas a Lula
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aliada ao MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
na defesa pela reforma agrária, a
Comissão Pastoral da Terra criticou ontem declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que "partiram de grave desinformação e foram ofensivas
aos camponeses".
Lula condenou, anteontem em
Balsas (MA), as invasões de terra
feitas com violência e defendeu
uma reforma agrária pacífica.
Sem citar o caso, o presidente fazia referência à invasão do engenho Prado, em Tracunhaém (PE), por lavradores ligados ao MST e à
CPT. Os sem-terra também depredaram e incendiaram casas,
galpões e tratores.
Em telegrama enviado ontem a
Lula, o presidente da CPT, dom
Tomás Balduíno, disse que no caso de Pernambuco "não se trata
de ocupantes de terra, mas de 300
famílias de lavradores que há seis
anos vêm cultivando eficientemente a terra e que tiveram suas
lavouras totalmente destruídas".
Em Balsas, Lula afirmou que:
"Não é possível imaginar que
num país deste tamanho, com a
quantidade de terra que tem, precisa ter ocupação com violência
contra quem quer que seja. Nós
precisamos fazer uma reforma
agrária tranquila e pacífica".
No telegrama, dom Tomás diz
que a área em Pernambuco teve o
decreto de desapropriação "injustamente anulado por ação" judicial. O engenho, que ocupa um
terreno de 800 hectares, foi desapropriado há seis anos. Mas a medida foi suspensa há quatro anos
pela Justiça.
"Este e outros conflitos só serão
superados por meio de uma adequada e efetiva reforma agrária",
termina o documento assinado
por dom Tomás. O Palácio do
Planalto não quis comentar o telegrama enviado pela CPT a Lula.
Em entrevista à Folha, dom Tomás defendeu os sem-terra que
invadiram o engenho Prado.
"O que se vê como violência é
reação de um pessoal abandonado pelo poder público. O excesso
de violência é o crime que vem
sendo feito contra as 300 famílias", afirmou ele.
O presidente da CPT disse que
as famílias são vítimas de violência há seis anos, mas só agora o caso ganhou repercussão por causa
da depredação no local.
Dom Tomás evitou criticar a
política de reforma agrária do governo, mas cobrou a solução do
problema de famílias acampadas.
"Pode ser que o governo ainda
não tenha tido tempo de mostrar
resultados. Para falar em ritmo, é
preciso esperar mais um pouco.
Porém, essa questão precisa ser
resolvida."
Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal
de Brasília
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