São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / GUERRA DAS TELES

Ministro chama de "missão" o encontro sigiloso entre banqueiro e titular da Justiça

Ministro da Justiça afirma que informou ao dono do Opportunity que ele será alvo de uma investigação "impessoal e séria" da PF

Reunião de Dantas e Bastos foi institucional, diz Tarso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) defendeu ontem o encontro que o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) teve, na última terça, com o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Segundo Genro, Thomaz Bastos exerceu uma "missão institucional".
A reunião entre Thomaz Bastos e Dantas, na casa do senador da oposição Heráclito Fortes (PFL-PI), ocorreu depois de a revista "Veja" ter publicado uma lista de supostas contas de petistas no exterior. O governo nega que as contas existam e considera o banqueiro responsável pelo vazamento.
"Não vejo nenhum problema na reunião. Pelo contrário. Ficou absolutamente claro que o ministro recebeu informações e afirmou ao sr. Daniel Dantas que a Polícia Federal vai fazer o inquérito, uma missão institucional, cumprida de maneira correta e adequada pelo ministro Márcio", afirmou Genro.
Dantas é investigado pela PF, controlada pela pasta do ministro. O encontro não constava da agenda de Thomaz Bastos.
Nesta semana, "Veja", que revelou a reunião, diz que o ministro e Dantas teriam selado um acordo no encontro de terça para que a PF não investigasse o banqueiro. Como contrapartida, Dantas não vazaria dados contra o governo. Todos os presentes na reunião negam.
Genro não respondeu sobre o suposto acordo. Afirmou que questões técnicas só poderiam ser respondidas por Thomaz Bastos. "Estou respondendo politicamente."

"Impessoal"
O ministro da Justiça disse ontem que o pedido de reunião partiu da assessoria do banqueiro. Thomaz Bastos classificou o encontro de "impessoal".
"Não acho estranho esse encontro. Tenho tido muitos encontros. Não posso submeter minha agenda a quem quer que seja. Eu avalio aquilo que devo ou não fazer", disse.
Na reunião, Thomaz Bastos disse ter informado que a PF continuará investigando o banqueiro de forma "impessoal e séria". O ministro afirma ainda ter recebido carta de Dantas em que o banqueiro diz nunca ter investigado integrantes do governo nem passado informações à imprensa.
Também estavam na casa de Heráclito Fortes os deputados petistas Sigmaringa Seixas (DF) e José Eduardo Cardozo (SP). "O encontro foi um pedido dele. Aceitei e levei duas testemunhas", disse o ministro.

Repercussão
A oposição no Senado criticou Thomaz Bastos e cobrou explicações. "Como ministro, fica difícil justificar esse encontro. Afinal de contas, a PF, que responde ao Ministério da Justiça, é responsável pela investigação. Agora, essa investigação fica sob suspeita", disse Álvaro Dias (PSDB-PR). Para o líder do PFL, José Agripino (RN), "o problema é por que Thomaz Bastos procurou ter a conversa com Dantas ou vice-versa".


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