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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / GUERRA DAS TELES
Ministro chama de "missão" o encontro sigiloso entre banqueiro e titular da Justiça
Ministro da Justiça afirma que informou ao dono do Opportunity que ele será alvo de uma investigação "impessoal e séria" da PF
Reunião de Dantas e Bastos foi institucional, diz Tarso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) defendeu
ontem o encontro que o ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) teve, na última terça,
com o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Segundo
Genro, Thomaz Bastos exerceu
uma "missão institucional".
A reunião entre Thomaz Bastos e Dantas, na casa do senador da oposição Heráclito Fortes (PFL-PI), ocorreu depois de
a revista "Veja" ter publicado
uma lista de supostas contas de
petistas no exterior. O governo
nega que as contas existam e
considera o banqueiro responsável pelo vazamento.
"Não vejo nenhum problema
na reunião. Pelo contrário. Ficou absolutamente claro que o
ministro recebeu informações
e afirmou ao sr. Daniel Dantas
que a Polícia Federal vai fazer o
inquérito, uma missão institucional, cumprida de maneira
correta e adequada pelo ministro Márcio", afirmou Genro.
Dantas é investigado pela PF,
controlada pela pasta do ministro. O encontro não constava da
agenda de Thomaz Bastos.
Nesta semana, "Veja", que
revelou a reunião, diz que o ministro e Dantas teriam selado
um acordo no encontro de terça para que a PF não investigasse o banqueiro. Como contrapartida, Dantas não vazaria dados contra o governo. Todos os
presentes na reunião negam.
Genro não respondeu sobre o
suposto acordo. Afirmou que
questões técnicas só poderiam
ser respondidas por Thomaz
Bastos. "Estou respondendo
politicamente."
"Impessoal"
O ministro da Justiça disse
ontem que o pedido de reunião
partiu da assessoria do banqueiro. Thomaz Bastos classificou o encontro de "impessoal".
"Não acho estranho esse encontro. Tenho tido muitos encontros. Não posso submeter
minha agenda a quem quer que
seja. Eu avalio aquilo que devo
ou não fazer", disse.
Na reunião, Thomaz Bastos
disse ter informado que a PF
continuará investigando o banqueiro de forma "impessoal e
séria". O ministro afirma ainda
ter recebido carta de Dantas
em que o banqueiro diz nunca
ter investigado integrantes do
governo nem passado informações à imprensa.
Também estavam na casa de
Heráclito Fortes os deputados
petistas Sigmaringa Seixas
(DF) e José Eduardo Cardozo
(SP). "O encontro foi um pedido dele. Aceitei e levei duas testemunhas", disse o ministro.
Repercussão
A oposição no Senado criticou Thomaz Bastos e cobrou
explicações. "Como ministro,
fica difícil justificar esse encontro. Afinal de contas, a PF, que
responde ao Ministério da Justiça, é responsável pela investigação. Agora, essa investigação
fica sob suspeita", disse Álvaro
Dias (PSDB-PR). Para o líder
do PFL, José Agripino (RN), "o
problema é por que Thomaz
Bastos procurou ter a conversa
com Dantas ou vice-versa".
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