São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Para todos?

Quem acompanhou os passos da Gautama até abocanhar obras do programa Luz para Todos, cartão de visita da campanha reeleitoral, atesta: Ivo Almeida Costa, braço direito de Silas Rondeau preso na Operação Navalha, teve papel fundamental no processo.
A Gautama apresentou preço muito inferior ao dos demais interessados na concorrência no Piauí, onde a fraude foi detectada. "Por aquele valor ela jamais conseguiria fazer as obras. Todo mundo sempre soube disso. Mas receberia os recursos", explica um conhecedor dos subterrâneos do setor elétrico. O Estado precursor do programa seria um laboratório para a quadrilha expandir sua presença no programa-xodó de Lula e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Celeiro. José Ribamar Lobato Santana, diretor do Luz para Todos, é do Maranhão, assim como Silas Rondeau. Ele preside o conselho de administração da Cepisa, empresa energética do Piauí envolvida nos desvios de recursos detectados pela PF no programa do governo Lula.

Voraz. Um baiano que acompanha de longe a trajetória de Zuleido Veras descreve o dono da Gautama como um predador: "Ele vai pegando obra e não entrega. E também não entrega a propina. Todas as gravações da PF são de gente reclamando que o pagamento está atrasado".

Coluna do meio. Para o mesmo observador, Zuleido teria errado ao querer ficar bem tanto com o ex-governador maranhense José Reinaldo Tavares (PSB) quanto com o clã Sarney quando do rompimento das partes. Ao enxergar a brecha para atingir o inimigo, o grupo acabou detonando também o empreiteiro.

Eu não. José Sarney (PMDB-AP) afirma que nunca ouviu falar de Sergio Sá, lobista preso que se diz próximo do senador. Segundo ele, trata-se de mais um caso de gente que alega conhecê-lo para extrair vantagem de terceiros.

Capitania. Até os peemedebistas da Câmara admitem: a despeito do desgaste de seus colegas senadores com a Operação Navalha, é dali que sairá a indicação do substituto de Silas Rondeau. Nada de prepostos de Dilma Rousseff. Se o Planalto inventar alguma graça, cai a casa da coalizão.

Em todas. E a Operação Navalha pode ter uma interface com as CPIs do Apagão Aéreo: a Gautama integra um consórcio com a construtora Better para erguer o novo aeroporto de Macapá (AP).

Vitória. A despeito da greve iniciada ontem, os ânimos estão relativamente sob controle na PF, que domina o noticiário desde o estouro da Operação Navalha. A corporação já sabe que terá os 30% pretendidos. E o governo já admite recuar da disposição de só conceder o reajuste em 2008.

Boleiro. Júlio Delgado (PSB-MG) e outros quatro deputados se revezavam ontem colhendo assinaturas para a CPI da Navalha. No fim do dia, o mineiro tinha quase 50 adesões, enquanto os colegas ostentavam folhas quase em branco. "Viram como é importante jogar futebol com o pessoal?", gabava-se Delgado.

Gestor. José Borba (PMDB-PR) renunciou ao mandato no mensalão, mas falava como deputado ontem ao telefone, enquanto almoçava na lanchonete da Câmara: "Se estiver dentro do PAC, com certeza sai. Deixa que eu gerencio esses recursos para você".

Quer?. A "casa amarela véia", local de encontro entre Zuleido Veras e o chefe do escritório do governo alagoano em Brasília, Enéas de Alencastro Neto, está à venda em Maceió por R$ 180 mil. O imóvel de 250 m2 foi por 15 anos escritório político do governador Teo Vilela (PSDB).

Primeira ação. A posse de Mangabeira Unger na Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo foi finalmente marcada: será em 13 de junho.

Tiroteio

"Essa Gautama tinha mais entregador de propina do que mestre de obras."


Do deputado federal SILVIO COSTA (PMN-PE), sobre o fato de a empresa de Zuleido Veras, investigada pela Operação Navalha, não ter concluído obras para as quais era contratada.

Contraponto

Veja bem

Uma comissão de sete governadores se reuniu ontem com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com líderes partidários para discutir mudanças na regulamentação do Fundeb. Um participante notou a ausência do líder da bancada do PMDB, Valdir Raupp (RO).
-É que ele ficou preso-, justificou a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA).
Em tempos de Operação Navalha, houve um princípio de agitação, o que levou a senadora a completar:
-Calma, minha gente! Ele ficou preso no interior do Estado, sem conseguir vôo para vir para cá!


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