São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Senadores receberam presentes, diz PF

Encaminhada à Procuradoria Geral, lista da polícia contém também nome de governadores e deputados

ANDREZA MATAIS
LEONARDO SOUZA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A Polícia Federal enviou ontem para a Procuradoria Geral da República uma lista com nomes de pessoas com foro privilegiado que teriam recebido presentes da construtora Gautama, principal braço empresarial da quadrilha investigada na Operação Navalha por suspeita de fraudar licitações.
Na lista com mais de 20 nomes há pelo menos três senadores. Também haveria governadores, deputados e possivelmente ministros, todos com direito a foro privilegiado.
A Folha apurou que, entre os presentes, dependendo do valor podem ser considerados propina, há desde convites para eventos, gravatas, canetas e garrafas de uísque.
Ao analisarem os documentos apreendidos na sede da Gautama, em Salvador, os policiais ficaram surpresos com a organização da quadrilha. Segundo relato de um agente, os dados estavam tão organizados que a PF não encontrou trabalho para analisá-los.
Nos próximos dias, a PF enviará novo documento à PGR com informações contextualizadas sobre cada caso.
A lista encaminhada ontem conteria apenas informações preliminares sobre a participação de políticos e agentes públicos no esquema.
As informações foram encaminhadas para a PGR ontem porque a Justiça decidiu desmembrar o processo.
A ministra Eliana Calmon, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), responsável pelo caso, determinou que as denúncias que atinjam pessoas com foro sejam enviadas diretamente à Procuradoria da República.

Depoimentos
Até as 22h de ontem, a ministra Eliana Calmon ouviu e liberou nove presos pela Operação Navalha. O ministro Gilmar Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu quatro habeas corpus para pessoas presas. Até ontem, dos 47 detidos pela Polícia Federal na última quinta-feira, 25 tinham sido liberadas. Outros 12 depoimentos acontecem hoje no Superior Tribunal de Justiça.

Apreensões
Além dos papéis encontrados na Gautama, a PF também apreendeu quase R$ 1 milhão com duas pessoas ligadas ao esquema. Ontem, revelou-se que na casa do prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT), a PF encontrou R$ 142 mil, em dinheiro vivo, além de cerca de US$ 3.000. O valor foi encontrado na última quinta-feira, na casa do prefeito, em Camaçari.
O prefeito teria recebido propina em troca de beneficiar a empreiteira Gautama. Ele prestou depoimento anteontem e foi liberado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A polícia também apreendeu R$ 730 mil, em dinheiro vivo, na casa de José Ribamar Hortegal, preso pela Operação Navalha. O valor foi encontrado no dia 17 de maio. A PF suspeita que o dinheiro vem de propina.
Hortegal é acusado de ter reajustado em 20% o valor de um contrato entre a empreiteira Gautama e o governo do Estado do Maranhão em troca de vantagem financeira. Ele também já foi liberado.


Texto Anterior: "Minha vida tem sido marcada pela honradez"
Próximo Texto: Prefeito do PT atuou na Caixa pela Gautama
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.