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Senadores receberam presentes, diz PF
Encaminhada à Procuradoria Geral, lista da polícia contém também nome de governadores e deputados
ANDREZA MATAIS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal enviou ontem para a Procuradoria Geral
da República uma lista com nomes de pessoas com foro privilegiado que teriam recebido
presentes da construtora Gautama, principal braço empresarial da quadrilha investigada na
Operação Navalha por suspeita
de fraudar licitações.
Na lista com mais de 20 nomes há pelo menos três senadores. Também haveria governadores, deputados e possivelmente ministros, todos com direito a foro privilegiado.
A Folha apurou que, entre os
presentes, dependendo do valor podem ser considerados
propina, há desde convites para eventos, gravatas, canetas e
garrafas de uísque.
Ao analisarem os documentos apreendidos na sede da
Gautama, em Salvador, os policiais ficaram surpresos com a
organização da quadrilha. Segundo relato de um agente, os
dados estavam tão organizados
que a PF não encontrou trabalho para analisá-los.
Nos próximos dias, a PF enviará novo documento à PGR
com informações contextualizadas sobre cada caso.
A lista encaminhada ontem
conteria apenas informações
preliminares sobre a participação de políticos e agentes públicos no esquema.
As informações foram encaminhadas para a PGR ontem
porque a Justiça decidiu desmembrar o processo.
A ministra Eliana Calmon,
do STJ (Superior Tribunal de
Justiça), responsável pelo caso,
determinou que as denúncias
que atinjam pessoas com foro
sejam enviadas diretamente à
Procuradoria da República.
Depoimentos
Até as 22h de ontem, a ministra Eliana Calmon ouviu e liberou nove presos pela Operação
Navalha. O ministro Gilmar
Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu quatro habeas corpus para pessoas
presas. Até ontem, dos 47 detidos pela Polícia Federal na última quinta-feira, 25 tinham sido
liberadas. Outros 12 depoimentos acontecem hoje no Superior Tribunal de Justiça.
Apreensões
Além dos papéis encontrados
na Gautama, a PF também
apreendeu quase R$ 1 milhão
com duas pessoas ligadas ao esquema. Ontem, revelou-se que
na casa do prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT), a
PF encontrou R$ 142 mil, em
dinheiro vivo, além de cerca de
US$ 3.000. O valor foi encontrado na última quinta-feira, na
casa do prefeito, em Camaçari.
O prefeito teria recebido propina em troca de beneficiar a
empreiteira Gautama. Ele
prestou depoimento anteontem e foi liberado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A polícia também apreendeu
R$ 730 mil, em dinheiro vivo,
na casa de José Ribamar Hortegal, preso pela Operação Navalha. O valor foi encontrado no
dia 17 de maio. A PF suspeita
que o dinheiro vem de propina.
Hortegal é acusado de ter
reajustado em 20% o valor de
um contrato entre a empreiteira Gautama e o governo do Estado do Maranhão em troca de
vantagem financeira. Ele também já foi liberado.
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