São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

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Tucano admite encontros com Zuleido, mas nega negócio

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

SILVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

O governador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL) disse ontem que se encontrou "várias vezes" com o empreiteiro Zuleido Veras, dono da Gautama, e que, num dos encontros, o empreiteiro pediu que sugerisse ao governo federal a inclusão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da construção da alça viária de Maceió.
Teotônio negou, porém, que tenha cedido às reivindicações do empresário ou autorizado auxiliares a liberar verba para a empreiteira, como sugere o inquérito da PF. "Não autorizei ninguém a tratar com quem quer que seja a respeito de dinheiro", disse o governador.
No inquérito da PF, foram registrados pelo menos três encontros entre Teotônio e Zuleido. Um deles ocorreu em 26 de abril, às 12h30, no gabinete do senador João Tenório (PSDB), em Brasília. Tenório, que assumiu a vaga de Teotônio no Senado, é cunhado deste.
Segundo a PF, ao tratar sobre uma obra de "alças" rodoviárias, Teotônio reclamou que Zuleido só trabalhava com "dinheiro grande". O empresário disse que não gosta de trabalhar com "governador fraco".
Ontem, o governador confirmou que teve esse diálogo e que "tratava de uma sugestão que ele [Zuleido] fazia para que eu propusesse ao governo federal e colocasse a alça viária no PAC", declarou. "Foi quando eu fiz o comentário que isso era uma obra muito cara."
Ontem, em entrevista, o governador disse que a sugestão do dono da Gautama era "interessante, porque o anel viário precisa ser feito".
Gravações telefônicas envolvendo os funcionários do governo Enéas de Alencastro (chefe da representação de Alagoas em Brasília) e Denisson Tenório (subsecretário da Infra-Estrutura), presos na Operação Navalha, indicam que Teotônio teria ordenado que uma obra de "alças" rodoviárias fosse entregue à Gautama, segundo interpretação da PF.
O governador disse que não cogita deixar o governo. "Quem não deve não teme. (...) Tenho certeza de que vou chegar ao fim [do meu mandato]. As turbulências acontecem porque estamos ajustando muita coisa e isso incomoda." Ele disse ainda que existe a possibilidade de rescindir os contratos se a auditoria encomendada por ele constatar irregularidades.
O anel viário é uma obra que ainda não tem orçamento ou projeto nem foi licitada.


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