São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

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Acesso à Comissão de Orçamento era amplo para dois dos presos

Sobrinho de Jackson Lago é assessor de pedetista e Ernani Soares, do Ministério do Planejamento, atuava com um deputado do PP

Segundo a PF, há conversas telefônicas entre Paulo Lago e funcionária da Gautama; já Ernani é considerado especialista em Orçamento

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois acusados de envolvimento com a máfia que fraudava licitações de obras públicas presos pela Operação Navalha da Polícia Federal estão lotados em gabinetes da Câmara desde a legislatura passada e tinham amplo acesso à Comissão de Orçamento, principal alvo de lobistas ligados a empreiteiras no Congresso.
Francisco de Paula Lima Júnior, sobrinho do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), foi nomeado assessor do gabinete do deputado Julião Amin (PDT-MA). O outro caso é o de Ernani Soares Gomes Filho, servidor do Ministério do Planejamento, cedido ao gabinete do deputado Márcio Reinaldo (PP-MG).
Conhecido como Paulo Lago, o sobrinho do governador maranhense mora em Brasília. Atualmente, recebia salário de R$ 8.000 como secretário parlamentar. Foi funcionário dos ex-deputados Wagner Lago (PDT-MA) e José Antonio Almeida (PSB-MA) antes de ser nomeado por Julião Amin. Os três deputados são ligados ao governador Jackson Lago.
Julião Amin é deputado federal de primeiro mandato. Antes de chegar à Câmara, ocupou cargos de confiança nas gestões de Jackson Lago, então prefeito de São Luís (MA).
Questionado sobre a prisão do assessor, ele afirmou, por meio de sua assessoria, que nomeou Paulo Lago por "critérios profissionais" e que vai "aguardar dados da investigação para avaliar a situação".
No inquérito da PF, constam conversas telefônicas entre Paulo Lago e Fátima Palmeira, funcionária da Gautama apontada como responsável por pagamentos de propina. Ainda de acordo com a PF, Paulo Lago e Alexandre Lago foram intermediários do governador para receber R$ 240 mil.

Elo antigo
Especialista na área de Orçamento, Ernani Soares era considerado uma referência na comissão temática pelos seus conhecimentos técnicos.
Segundo assessores da Câmara, ele tinha ligação antiga com os políticos envolvidos no esquema. Foi assessor, na década de 80, do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), à época ministro dos Transportes do governo José Sarney.
Nos anos 90, Ernani foi assessor do ex-deputado Ricardo Fiúza (PP-PE), morto em 2005. Aproximou-se do PP e, até o ano passado, trabalhava no gabinete do deputado Cleonâncio da Fonseca (PP-SE), que não se reelegeu. Cleonâncio foi acusado de envolvimento no escândalo dos sanguessugas.
De acordo com a PF, ele abastecia o grupo com informações sigilosas do Ministério do Planejamento. Além disso, ajudava a liberar verbas orçamentárias. Márcio Reinaldo disse que o empregou por recomendação do colega Cleonâncio, mas que mandou dispensá-lo após a operação da PF.


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