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Acesso à Comissão de Orçamento era amplo para dois dos presos
Sobrinho de Jackson Lago é assessor de pedetista e Ernani Soares, do Ministério do Planejamento, atuava com um deputado do PP
Segundo a PF, há conversas telefônicas entre Paulo Lago e funcionária da Gautama;
já Ernani é considerado especialista em Orçamento
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois acusados de envolvimento com a máfia que fraudava licitações de obras públicas
presos pela Operação Navalha
da Polícia Federal estão lotados
em gabinetes da Câmara desde
a legislatura passada e tinham
amplo acesso à Comissão de
Orçamento, principal alvo de
lobistas ligados a empreiteiras
no Congresso.
Francisco de Paula Lima Júnior, sobrinho do governador
do Maranhão, Jackson Lago
(PDT), foi nomeado assessor
do gabinete do deputado Julião
Amin (PDT-MA). O outro caso
é o de Ernani Soares Gomes Filho, servidor do Ministério do
Planejamento, cedido ao gabinete do deputado Márcio Reinaldo (PP-MG).
Conhecido como Paulo Lago,
o sobrinho do governador maranhense mora em Brasília.
Atualmente, recebia salário de
R$ 8.000 como secretário parlamentar. Foi funcionário dos
ex-deputados Wagner Lago
(PDT-MA) e José Antonio Almeida (PSB-MA) antes de ser
nomeado por Julião Amin. Os
três deputados são ligados ao
governador Jackson Lago.
Julião Amin é deputado federal de primeiro mandato. Antes
de chegar à Câmara, ocupou
cargos de confiança nas gestões
de Jackson Lago, então prefeito
de São Luís (MA).
Questionado sobre a prisão
do assessor, ele afirmou, por
meio de sua assessoria, que nomeou Paulo Lago por "critérios
profissionais" e que vai "aguardar dados da investigação para
avaliar a situação".
No inquérito da PF, constam
conversas telefônicas entre
Paulo Lago e Fátima Palmeira,
funcionária da Gautama apontada como responsável por pagamentos de propina. Ainda de
acordo com a PF, Paulo Lago e
Alexandre Lago foram intermediários do governador para
receber R$ 240 mil.
Elo antigo
Especialista na área de Orçamento, Ernani Soares era considerado uma referência na comissão temática pelos seus conhecimentos técnicos.
Segundo assessores da Câmara, ele tinha ligação antiga
com os políticos envolvidos no
esquema. Foi assessor, na década de 80, do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), à
época ministro dos Transportes do governo José Sarney.
Nos anos 90, Ernani foi assessor do ex-deputado Ricardo
Fiúza (PP-PE), morto em 2005.
Aproximou-se do PP e, até o
ano passado, trabalhava no gabinete do deputado Cleonâncio
da Fonseca (PP-SE), que não se
reelegeu. Cleonâncio foi acusado de envolvimento no escândalo dos sanguessugas.
De acordo com a PF, ele abastecia o grupo com informações
sigilosas do Ministério do Planejamento. Além disso, ajudava a liberar verbas orçamentárias. Márcio Reinaldo disse que
o empregou por recomendação
do colega Cleonâncio, mas que
mandou dispensá-lo após a
operação da PF.
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