São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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CONVENÇÃO PPB/SP

Cercado por denúncias, ex-prefeito oficializa candidatura hoje elegendo desgaste de Alckmin e segurança como bandeiras

Maluf testa, de novo, força do malufismo

Ana Ottoni/Folha Imagem
O ex-prefeito paulistano Paulo Maluf concede entrevista à Folha em seu escritório político no Jardim Europa, na última quarta-feira


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A candidatura do ex-prefeito Paulo Maluf ao governo de São Paulo será homologada hoje em convenção estadual do PPB. O partido, apesar de ter fechado aliança com o PL, não colocará a coligação em votação.
Na reunião, os 598 correligionários com direito a voto deverão delegar à Executiva o poder de formalizar alianças e de indicar o vice da chapa, sem a necessidade de convocar uma nova convenção. A sigla votará ainda a indicação do deputado federal Cunha Bueno ao Senado. O nome do candidato a vice na chapa majoritária com Maluf, que deverá sair da própria base pepebista, ainda não foi definido. A previsão é de que isso ocorra até terça-feira.
Mais do que validar as candidaturas do PPB, o partido quer transformar a convenção de hoje em um ato de desagravo ao ex-prefeito, que se viu contrariado na última eleição que disputou, em 2000, quando foi abandonado por antigos aliados. Há dois anos, bombardeado por denúncias feitas pela ex-primeira-dama Nicéa Pitta, Maluf ficou sozinho na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Com balões coloridos, fotos do pepebista, faixas com o slogan "Maluf resolve" e a animação de escolas de samba, o partido preparou uma entrada triunfal para Maluf. O evento começa às 8h, mas a chegada do ex-prefeito está prevista para às 11h30.
"Estamos animados e preparando uma grande festa. Hoje Maluf é a noiva da vez e é procurado por quase todos os partidos que reconhecem nele o potencial de puxador de votos", comemora o presidente estadual do PPB, Jesse Ribeiro, que avalia em R$ 30 mil o custo do evento.
Além de contar com militantes malufistas, os organizadores distribuíram convites para uma turma bem eclética. Foram convidados líderes de quase todos os partidos (com exceção do arquiinimigo PSDB), presidentes de clubes desportivos, sambistas e, é claro, os fiéis cabos eleitorais.
Isso porque o partido quer criar cenários que possam ser utilizados na campanha política de TV do PPB. "Vamos aproveitar para fazer imagem de multidões, de festa e de animação em torno da candidatura de Maluf", afirmou o marqueteiro José Maria Braga.
Como uma prova de sua força política e ao mesmo tempo de seu apetite eleitoral, o ex-prefeito tentará empolgar a militância com seu discurso-que será improvisado, segundo a assessoria.
Maluf deverá destacar seu potencial nesta disputa pelo governo de São Paulo e apresentar propostas para o que ele considera ser as principais fragilidades do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Falará da falta de empregos, do aumento da violência, do excesso de pedágios e do crescimento da dívida pública do Estado.
Como o pepebista não mede esforços para vencer uma eleição, irá poupar seus antigos adversários políticos, os petistas, representados na disputa estadual pelo deputado José Genoino. Maluf, no entanto, não irá economizar críticas aos oito anos do governo de Mário Covas e de Alckmin.
Seu principal objetivo é evitar a formação de uma frente ampla, ancorada pelos tucanos, que se oponha à sua candidatura.
Pela primeira vez, a convenção estadual será realizada em um "local neutro", o Mart Center. As últimas reuniões partidárias foram feitas na Câmara Municipal ou na Assembléia Legislativa.
Segundo organizadores, o partido prefere evitar possíveis interferências de outros partidos, principalmente dos tucanos.

Jersey e animação
A animação de Maluf nesta campanha vem desde o início do ano, quando começou suas viagens pelo interior do Estado (tem visitado em média dez cidades por semana) e lançou mão de seu velho jeito de fazer política.
Em cada cidade, visita as Câmaras, concede entrevistas a todos os órgãos de imprensa, conversa com uns e distribui sorriso a outros. Invariavelmente, aproveita sempre para falar mal do adversário tucano e para lembrar sua passagem pelo governo de São Paulo.
Nem mesmo a investigação do Ministério Público Estadual sobre a existência de contas milionárias em seu nome e de sua família no paraíso fiscal da Ilha de Jersey tira o ânimo de Maluf na disputa. O partido avalia que o fato de a denúncia ter sido apresentada há mais de um ano diminuiu seu potencial de impacto na campanha.



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