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RETÓRICA E AÇÃO
Oposicionistas condicionam votação a que ela seja nominal
Governo cede à oposição, e
mínimo deve ser votado hoje
FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de um dia inteiro de articulações e de análises dos votos
pró e contra e acordo com a oposição, o governo decidiu colocar
em votação hoje na Câmara dos
Deputados a medida provisória
do salário mínimo. O objetivo do
Palácio do Planalto é se recuperar
da derrota sofrida na semana passada no Senado, que elevou o mínimo para R$ 275, e recompor os
R$ 260 da proposta original.
Para isso, líderes dos partidos
da base aliada asseguram que colocarão mais de 300 deputados no
plenário hoje e que o placar será,
proporcionalmente, similar à primeira votação, ocorrida em 2 de
junho, quando os R$ 260 foram
mantidos por 266 votos a 167.
A decisão de votar passou ainda
por um acordo com a oposição.
Os governistas abrirão mão de
usar mecanismos regimentais
que permitiriam uma votação
simbólica da MP, sem registro nominal dos votos, o que beneficiaria os aliados reticentes em apoiar
publicamente os R$ 260. Com isso, a votação será nominal.
Em troca, a oposição também
não recorrerá aos instrumentos
regimentais a que tem direito para atrasar as votações.
"Avaliamos que haverá quórum
suficiente. Não há nenhum problema em fazermos a votação nominal, vamos defender o maior
salário mínimo dos últimos 17
anos", disse o deputado Arlindo
Chinaglia (SP), líder do PT.
Nas análises feitas ontem pelos
governistas, a aprovação hoje dos
R$ 260 ocorrerá de forma folgada.
O ministro Eunício Oliveira (Comunicações), que é do PMDB,
disse que o partido contribuirá
com mais de 40 votos. Na primeira votação, 32 peemedebistas votaram pelos R$ 260, e 39, pelos R$
275. "Vamos virar muitos votos",
disse o ministro.
Mesmo os oposicionistas consideram, reservadamente, difícil a
manutenção dos R$ 275 -aprovados no Senado por 44 votos a
31-, mas afirmam acreditar ainda em uma surpresa.
"A inspiração do grande trabalhista pode levar os deputados
que se elegeram sob a bandeira
dos trabalhadores a refletir sobre
o abandono dessas bandeiras",
disse José Carlos Aleluia (BA), líder do PFL. Ele se referia a Leonel
Brizola, cuja morte atrasou a votação, prevista para ontem.
A Câmara dará a palavra final
na MP. Se forem mantidos os R$
275, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva deverá vetar o texto.
Caso os governistas não consigam um quórum seguro, dificilmente a MP seria votada na semana que vem, devido ao término do
prazo para as convenções partidárias, o que tira parlamentares
de Brasília. Essa situação poderia
levar o Congresso a ser convocado em julho, com dois salários extras para os parlamentares.
João Paulo apelou até às companhias aéreas para conseguir vôos
extras para o Nordeste, onde
ocorrem hoje e amanhã as tradicionais festas de são João. Havia
problemas no retorno dos deputados para Recife, Teresina, Aracaju e Salvador.
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