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Fiéis a Lula receberam mais verba
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Seguindo a tendência observada na Câmara, os 31 senadores
que votaram a favor da proposta
do governo de um salário mínimo
de R$ 260 tiveram um empenho
proporcional de suas emendas
parlamentares mais de 100% superior ao das relativas ao grupo de
44 senadores que votou contra.
Os fiéis ao Planalto foram contemplados até a última sexta, um
dia após a votação no Senado,
com empenho (quando o governo assume o compromisso com o
gasto) de 41,5% de suas emendas
ao Orçamento 2004 (R$ 17,8 milhões). Os 44 senadores contrários aos R$ 260 tiveram empenho
de 18,5% (R$ 12,4 milhões).
O Senado derrotou o governo
na quinta e aprovou mínimo de
R$ 275, texto que o Planalto tenta
derrubar hoje. Na primeira votação na Câmara, os deputados que
aprovaram os R$ 260 também tiveram empenhos superiores aos
do grupo que votou pelos R$ 275.
Os números da execução orçamentária mostram que o governo
vem privilegiando até o momento
os partidos aliados. Na base, os
empenhos vão dos 34,8% do PSB
aos 50,6% do PTB. Já a oposição
tinha, até sexta, cerca de 5% de
suas emendas empenhadas.
Essa tendência reforça a crítica
de que as emendas parlamentares
são usadas como moeda de troca
em votações de interesse do Executivo. O governo controla a liberação das emendas e, diante disso,
pode usar o instrumento para angariar votos. Já bancadas governistas condicionam o apoio à liberação das verbas.
O levantamento sobre a votação
no Senado foi feito pela Folha
com base em dados do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos federais), divulgados pela liderança do PSDB na Câmara.
"Há nítidos indícios de crime de
responsabilidade por parte do
presidente. A liberação das emendas não pode ser usada como forma de direcionar votos, vamos argüir a presença de crime de responsabilidade", afirmou o deputado José Carlos Aleluia (BA), líder da bancada do PFL.
O Ministério da Coordenação
Política, responsável pela liberação das verbas, nega a vinculação
entre emenda e votação e diz que
a escolha sobre quais verbas serão
liberadas cabe aos ministérios.
Diz ainda que os empenhos crescerão até o dia 3, último dia para a
ação devido à legislação eleitoral.
Até o dia 18, tinham sido empenhados R$ 280 milhões de um total de R$ 883 milhões aprovados
para as emendas individuais dos
594 parlamentares.
(RB)
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