São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO

Sem alternativas, Quércia será candidato

Ex-governador decide concorrer em São Paulo após ser recusado por tucanos e pressionado pelo presidente do PMDB

Contrariado com o veto de Quércia a seu nome para a vice de Serra, Michel Temer disse que não aceitaria outra opção para a vaga


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

MARIA FERNANDA RIBEIRO
DA FOLHA EM RIBEIRÃO

Após uma hora de difícil conversa, o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), e o ex-governador Orestes Quércia anunciaram ontem a candidatura própria do partido Governo de São Paulo, descartando a aliança com o PSDB. A decisão é, para Temer, uma tentativa de conter o racha entre os dois.
O lançamento da candidatura reforça a tese de chapa puro-sangue no PSDB. Além de cinco tucanos cotados - Arnaldo Madeira, Alberto Goldman, Mendes Thame, Xico Graziano e Paulo Renato Souza - o nome da deputada estadual Rosimary Corrêa é cotado para a vaga.
Inconformado com o veto de Quércia a seu nome para a vice do tucano José Serra, Temer avisou que não aceitaria outra alternativa para a vaga. E, alegando que os dois não chegariam a um acordo, insistiu para que Quércia concorresse.
Temer alegou que o PMDB explicitaria uma fissura se Quércia oferecesse outro nome a Serra que não o dele.
"Toda essa coisa que se fala hoje está começando a prejudicar a unidade do PMDB", justificou Temer, após o encontro
Na conversa, Quércia acusou Temer de divulgar que os tucanos rejeitavam o nome do ex-governador para a vaga. Temer afirmou que a restrição a Quércia era pública.
Para evitar o racha, Temer sugeriu que Quércia concorresse. Mesmo após a decisão, o secretário municipal Aloysio Nunes Ferreira telefonou para Quércia. "Gostaríamos de discutir um nome em acordo", disse Ferreira, sem ter conversado até o início da noite.
Tucanos ligados a Serra apostam, no entanto, que esse tenha sido um ultimato de Temer: conhecendo a pouca disposição de Quércia para a disputa, ele estaria esperando um recuo do ex-governador.
O próprio Serra evitou dar destaque ao assunto. Em Ribeirão Preto, ele elogiou a aliança com o PFL (disse que o partido o ajudará a governar) e mostrou indiferença à candidatura de Quércia. "Só fiquei sabendo pela mídia que ele poderia se candidatar. Faz parte da disputa. Em todo caso, não teria nenhum comentário para fazer. Não sei se ele pode mudar alguma coisa nas pesquisas."
Quércia, por sua vez, foi irônico ao comentar o impacto de sua candidatura sobre a de Serra. "Quando não estou na pesquisa, ele herda mais votos. Mas o Serra tem muito voto. Não tem essa preocupação."


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