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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO
Sem alternativas, Quércia será candidato
Ex-governador decide concorrer em São Paulo após ser recusado por tucanos e pressionado pelo presidente do PMDB
Contrariado com o veto de Quércia a seu nome para a vice de Serra, Michel Temer disse que não aceitaria outra opção para a vaga
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
MARIA FERNANDA RIBEIRO
DA FOLHA EM RIBEIRÃO
Após uma hora de difícil conversa, o presidente nacional do
PMDB, Michel Temer (SP), e o
ex-governador Orestes Quércia
anunciaram ontem a candidatura própria do partido Governo de São Paulo, descartando a
aliança com o PSDB. A decisão
é, para Temer, uma tentativa de
conter o racha entre os dois.
O lançamento da candidatura reforça a tese de chapa puro-sangue no PSDB. Além de cinco
tucanos cotados - Arnaldo
Madeira, Alberto Goldman,
Mendes Thame, Xico Graziano
e Paulo Renato Souza - o nome
da deputada estadual Rosimary
Corrêa é cotado para a vaga.
Inconformado com o veto de
Quércia a seu nome para a vice
do tucano José Serra, Temer
avisou que não aceitaria outra
alternativa para a vaga. E, alegando que os dois não chegariam a um acordo, insistiu para
que Quércia concorresse.
Temer alegou que o PMDB
explicitaria uma fissura se
Quércia oferecesse outro nome
a Serra que não o dele.
"Toda essa coisa que se fala
hoje está começando a prejudicar a unidade do PMDB", justificou Temer, após o encontro
Na conversa, Quércia acusou
Temer de divulgar que os tucanos rejeitavam o nome do ex-governador para a vaga. Temer
afirmou que a restrição a Quércia era pública.
Para evitar o racha, Temer
sugeriu que Quércia concorresse. Mesmo após a decisão, o secretário municipal Aloysio Nunes Ferreira telefonou para
Quércia. "Gostaríamos de discutir um nome em acordo", disse Ferreira, sem ter conversado
até o início da noite.
Tucanos ligados a Serra
apostam, no entanto, que esse
tenha sido um ultimato de Temer: conhecendo a pouca disposição de Quércia para a disputa, ele estaria esperando um
recuo do ex-governador.
O próprio Serra evitou dar
destaque ao assunto. Em Ribeirão Preto, ele elogiou a aliança
com o PFL (disse que o partido
o ajudará a governar) e mostrou indiferença à candidatura
de Quércia. "Só fiquei sabendo
pela mídia que ele poderia se
candidatar. Faz parte da disputa. Em todo caso, não teria nenhum comentário para fazer.
Não sei se ele pode mudar alguma coisa nas pesquisas."
Quércia, por sua vez, foi irônico ao comentar o impacto de
sua candidatura sobre a de Serra. "Quando não estou na pesquisa, ele herda mais votos.
Mas o Serra tem muito voto.
Não tem essa preocupação."
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