|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ibama diz que greve vai afetar gratificação
Em novo capítulo do endurecimento do governo com os servidores parados, órgão faz ameaça também a recém-chegados
"É uma medida autoritária para quebrar o movimento; estão chamando para o
confronto", declara líder da associação de servidores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de concretizar a
ameaça de corte dos salários, a
direção do Ibama decidiu endurecer ainda mais com os servidores em greve. Uma portaria
assinada pelo presidente do órgão, Balizeu Neto, diz que os
dias parados serão usados como "critério" para avaliar o pagamento de gratificações.
A portaria contém ainda um
recado direto aos servidores recém-chegados ao órgão e que
estão no chamado "período
probatório" de três anos. Segundo o texto, o engajamento
na greve será "considerado fator determinante para fins de
efetivação no serviço público".
Com o número 755, a portaria foi editada na sexta da semana passada, dia em que o governo efetivou o corte dos dias parados nos salários dos servidores do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis e do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
"As ausências ao serviço
ocorridas em função da greve
dos servidores do Ibama serão
consideradas para efeitos de
pontuação no que se refere ao
critério assiduidade/pontualidade na avaliação de desempenho individual", diz a portaria.
Ontem, servidores do Ibama
e do Incra tiveram acesso aos
contracheques já com os descontos dos dias parados: o governo criou a rubrica "Faltas-Paralisação. Decreto 1.480/95".
Procurados ontem por meio
de sua assessorias, o Ministério
do Meio Ambiente e o Ibama
não comentaram a edição da
portaria. "É uma medida autoritária para tentar quebrar o
movimento. Estão chamando
para o confronto", disse Jonas
Corrêa, presidente da associação de servidores do Ibama.
Ontem, os servidores entraram no Ministério Público Federal com uma denúncia de assédio moral contra o presidente do Ibama, ex-chefe de gabinete da ministra Marina Silva
(Meio Ambiente) e que ocupa
interinamente o cargo.
Às vésperas de completar 40
dias em greve, os servidores fazem campanha para que o Senado rejeite uma medida provisória já aprovada na Câmara
que cria o Instituto Chico Mendes -o que, segundo os grevistas, enfraquece a autarquia.
Os servidores do Incra e Ibama entraram na Justiça com
pedidos de liminar alegando a
inconstitucionalidade do decreto. O Ministério do Planejamento informou que aguardará
a decisão judicial antes de se
pronunciar.
(EDUARDO SCOLESE)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Funcionários da pasta da Cultura seguem parados Índice
|