São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2008

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Acordo foi precedido por bate-boca de tucanos

DA REPORTAGEM LOCAL

Numa prova da gravidade do racha partidário, os tucanos brigaram até o último momento da costura do acordo que garantiu a oficialização da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à prefeitura. O presidente municipal do PSDB, José Henrique Lobo, abandonou a última reunião de sábado em meio a uma áspera discussão com o líder do governo na Câmara, José Police Neto (PSDB).
"Vocês não servem de exemplo para mim. Vocês não servem de exemplo para nenhum dos vereadores", explodiu Netinho, após ouvir de Lobo que os vereadores não terão direito a "liberdade de opinião" .
Segundo a Folha apurou, tinha sido dado aos vereadores o direito de escolher o que quisesem para que o acordo fosse fechado. Eles queriam dirigir o programa eleitoral gratuito, mas o pedido foi negado.
O bate-boca se deu na última reunião da noite, convocada após uma bateria de conversas, para o arremate do acordo.
Às 18h -antes do encontro com o comando do PSDB e os alckmistas Júlio Semeghini e Edson Aparecido-, os vereadores tucanos se reuniram com o chefe da Casa Civil do Estado, Aloysio Nunes Ferreira, e com o secretário municipal Andrea Matarazzo. Os dois são amigos do governador Serra e falaram com ele antes da reunião.
Segundo um dos participantes, o secretário afirmou que Serra seria responsabilizado pela derrota de Alckmin na convenção e pediu "pelo amor de Deus" para que desistissem.
Para o secretário municipal Walter Feldman, o apelo de Aloysio foi decisivo. "Não dá para negar que o pensamento em volta do Serra foi determinante para que esse confronto não acontecesse", disse.
Ainda segundo tucanos, Serra defende um "termo de ajustamento de conduta" para as eleições. Nele, o governador sugere que os tucanos com cargo na prefeitura não sejam importunados e que os vereadores sejam preservados, e não sofram represálias.
Ao negar aos vereadores o direito de se manifestar livremente, Lobo teria negado esse apoio, o que irritou a bancada.
A definição da retirada da chapa pró-Kassab da convenção começou a ser costurada na quinta-feira passada, mas teve seu momento decisivo na noite de anteontem, após a chegada do governador José Serra de sua viagem ao exterior.
Apesar de Serra dizer que o assunto 2010 não foi debatido, a sucessão presidencial foi ponto central nas negociações.
A Folha apurou, por exemplo, que o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, chegou a dizer que os 13 senadores tucanos queriam a candidatura Alckmin a prefeito e que 12 deles apóiam Serra para a Presidência. Apenas Tasso Jereissati estaria fora.
Ontem, o assunto 2010 esteve presente na convenção. Lobo afirmou que "Alckmin já deu várias declarações no sentido de que o candidato dele em 2010 é José Serra".
"Sem dúvida, 2010 teve um papel importantíssimo em toda essa conjuntura, porque há uma preocupação de se criarem condições cada vez melhores para que o partido possa ir com um candidato à Presidência, que no nosso caso em São Paulo é o José Serra", disse ele.
O deputado federal Edson Aparecido, aliado de Alckmin, seguiu ontem no mesmo caminho. "A candidatura permitiu entrosamento mais claro entre Serra e Geraldo." (CS, JAB e FBM)


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