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CAMPANHA
Partido, que fez campanha em 2000 por auditoria da dívida externa, tenta agora descolar sua imagem de plebiscito
PT tenta apagar "sim" à suspensão da dívida
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT participou ativamente da
divulgação do plebiscito da dívida
externa, há menos de dois anos,
fez campanha pela suspensão do
pagamento e comemorou o resultado da consulta, em que votaram
mais de 5 milhões de pessoas.
Destas, 90% manifestaram-se favoráveis à paralisação do pagamento da dívida até que uma auditoria fosse realizada.
Nos últimos dias, lideranças petistas têm procurado distanciar-se politicamente do plebiscito.
Em reunião com representantes
do mercado financeiro em Nova
York, o presidente nacional do
PT, José Dirceu, afirmou que o
plebiscito foi na verdade iniciativa
da CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil).
No último dia 11, em entrevista
ao "Jornal Nacional", da Rede
Globo, o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, ao responder a uma pergunta sobre o
plebiscito, que "já em 1998 a gente
não fazia mais isso [pedir a suspensão do pagamento"".
"Não"
Durante a organização do plebiscito de 2000, no entanto, petistas defenderam abertamente a
opção "não" no item que perguntava se o Brasil devia "continuar
pagando a dívida externa sem
realizar uma auditoria pública".
O governo petista do Rio Grande do Sul chegou a distribuir cartilhas aos estudantes da rede pública a respeito do plebiscito.
Quando o resultado foi anunciado, o próprio Dirceu mostrou-se
entusiasmado: "Não é todo dia
que se tem uma vitória. Foi um
dos momentos mais importantes
da nossa história", declarou, em
13 de setembro de 2000.
Hoje, no momento em que o
partido se esforça para parecer
confiável ao mercado financeiro,
petistas reservadamente admitem
que cometeram um erro.
"Incoerência"
Um dos que não se cansam de
criticar a "incoerência" do partido
neste episódio é o ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Os líderes petistas argumentam
hoje que o partido não estava na
coordenação da consulta. Dizem
ainda que o PT apoiou o plebiscito por querer incentivar a discussão sobre o tema.
"Realmente, decidiu-se formalmente deixar os partidos de fora
da coordenação, por uma questão
estratégica. Mas o PT desde o início deu apoio ao plebiscito e foi
um dos que mais o divulgaram",
diz o padre Alfredo José Gonçalves, que organizou a consulta em
nome da CNBB.
(FÁBIO ZANINI)
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