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Procurador-geral critica ato e pede diálogo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, disse ontem
que "o aceno com a greve é inadequado", ao comentar a possibilidade de juízes estaduais e trabalhistas e de promotores de Justiça,
procuradores trabalhistas e militares fazerem paralisação de 5 a 12
de agosto para protestar contra a
reforma da Previdência Social.
Fonteles defendeu a continuidade das negociações com o governo federal e o Congresso Nacional. Ele disse que o diálogo deve ser preservado neste momento
em que a Câmara começa a examinar a proposta de reforma previdenciária. Ele fez essas ponderações em reunião do Conselho Nacional de Procuradores Gerais de
Justiça para discutir a reforma.
O procurador-geral disse porém entender as manifestações
das entidades de classe do Ministério Público e da magistratura
contra a reforma da Previdência.
Fonteles foi nomeado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tomou posse no início
do mês. Simpatizante do PT, já se
envolveu em outra polêmica: disse que invasões de propriedades
improdutivas por sem-terra, desde que pacíficas, não são ilegais.
Marrey
O procurador-geral de Justiça
de São Paulo, Luiz Antonio Marrey Filho, condenou a greve dos
promotores, apesar de concordar
com a pauta de reivindicações dos
colegas. "Não aceito a greve. Há
outros mecanismos para conseguir o que os promotores querem,
mas entendo a aflição", afirmou.
Com 1.640 promotores na ativa,
São Paulo é o Estado com o maior
número de membros do MP no
país. Apesar de ter votado pela
greve, a APMP (Associação Paulista do Ministério Público) só vai
aderir à paralisação se a idéia for
aprovada em assembléia prevista
para sexta-feira.
A tendência da assembléia é
manter o entendimento da Conamp (Associação Nacional de
Membros do Ministério Público)
e aprovar a adesão à greve, segundo José Carlos Cosenzo, presidente da APMP. Mas isso não estaria
tão certo, a ponto de a opinião do
procurador-geral influir bastante
no caso, segundo apurou a Folha.
Segundo Marrey, há "distorções" na proposta de reforma da
Previdência elaborada pelo governo: principalmente a questão
do subteto salarial para os Estados, fixado em 75% do que ganham os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), e o fim
da paridade de reajuste entre ativos e inativos e da aposentadoria
integral para novos servidores.
"Há distorções, mas os promotores e juízes são minorias dentro
do funcionalismo e isso não pode
contaminar o debate", disse. Segundo o chefe do MP paulista, ao
eliminar a paridade e a integralidade para os futuros promotores,
o governo corre o "grave risco" de
prejudicar a carreira de Estado.
"O governo deve manter a integralidade e a paridade, sob o risco
de prejudicar a entrada e o interesse de novas pessoas na profissão", afirmou o procurador.
Associação Nacional
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Nicolao Dino, disse que ainda há espaço para uma negociação com o governo para impedir a
greve. "Temos plena consciência
de que é necessário reformar a
Previdência e de que o diálogo é o
melhor caminho para isso", afirmou. "Mas o modelo que está
sendo proposto para a reforma é
extremo e descaracteriza carreiras
fundamentais para o funcionamento do Estado brasileiro."
Nicolao Dino criticou o projeto
divulgado pelo relator José Pimentel (PT-CE): "Houve um distanciamento das expectativas das
carreiras de Estado e tem prevalecido, até o presente momento, a
vontade dos governadores, mas
acredito que ainda seja possível
um entendimento com o governo
e o Congresso. Nós, da ANPR,
continuamos apostando na via do
diálogo", declarou.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI e IURI DANTAS)
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