DA SUCURSAL DO RIO

Em sua intervenção de só 15 minutos no primeiro dia do seminário "Dilemas da Humanidade", no Rio, o coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile ironizou a recente viagem presidencial à China.
Para ele, a viagem é uma prova de que o Brasil aceitou o papel que, no que chamou de "redivisão internacional do capital", países de primeiro mundo reservaram para as nações pobres: exportar só produtos agrícolas e minérios.
"A nossa elite foi lá oferecer para os chineses: "Se vocês quiserem continuar produzindo bens de consumo de massa para os EUA e o primeiro mundo, nós aqui do Brasil entramos com o minério de ferro e a soja. Ai, que bom!" E voltaram batendo palma. Tropa de ignorantes! Quando é que o Brasil vai se desenvolver exportando soja e minério? Há 500 anos estamos fazendo isso. E ficam aí se gabando: "Foi um sucesso a viagem à China!". Se ainda tivessem aprendido a comer de pauzinho, teriam assimilado alguma cultura."
Pouco antes, Stedile usou um som no lugar de dois palavrões que queria dirigir ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e à Organização Mundial do Comércio. Mas acabou não reprimindo um deles. Segundo ele, a ONU estaria promovendo "acordos internacionais que não têm nenhuma representatividade dos povos".
"Quem elegeu esse Annan? Quem votou nele foi o capital dos EUA. Então, o danado, para não dizer "nananã", só faz o jogo do capital", criticou, emendando ataques a OMC, Banco Mundial e FMI. Reunindo intelectuais de vários países, o evento organizado pelo MST acaba amanhã. (LFV)

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