São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004 |
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TODA MÍDIA Nelson de Sá Até autoridades
Para a Globo, nas manchetes do Jornal Nacional, trata-se de um caso de "espionagem comercial" que "envolve
dois gigantes da telefonia". E "os
arapongas investigam até autoridades do governo".
Demorou semanas, mas a "Economist" respondeu às críticas que recebeu do Ministério da Agricultura, por relativizar a propriedade da Amazônia brasileira pelo Brasil. E a revista respondeu com um tijolo. Uma das versões de sua nova capa é dedicada ao tema. A "Economist" não teme, ao contrário de outros, defender com todas as letras que "as florestas tropicais do mundo são dos países mais pobres que elas cobrem -mas ao mesmo tempo elas são uma propriedade global". E mais, "é preciso achar um equilíbrio entre os interesses locais e os interesses globais". E mais, descreve os países com florestas tropicais como "proprietários-ocupantes". Ironiza o Ministério da Agricultura e sua crítica, dizendo que "o jeito mais fácil de irritar funcionários brasileiros é sugerir que a Amazônia pertence mais à humanidade do que ao Brasil". Para não provocar demais, a revista diz que "não se deve negar aos países os benefícios" de destruir parte ou "todas" as florestas. Busca argumentar -e convencer- que os próprios países destruidores saem perdendo. E propõe que se crie, para estimular nações como o Brasil a parar com a destruição, uma forma de levar os países ricos e demais "beneficiados" a pagar pela floresta. CONCILIAÇÃO
A "Economist", para provar que não está tão contra o Brasil, dá como sustentação de sua opinião sobre a Amazônia uma reportagem sobre a BR-163, cujo trecho mais controverso vai de Cuiabá a Santarém. Segundo a revista, "o projeto da rodovia na Amazônia pode ser a tentativa mais arrojada de conciliar crescimento e conservação" da natureza. Por outro lado, como demonstra a própria reportagem, pode não ser. Campanha A Globo pressionou o governo até o limite, por uma campanha de desarmamento -e agora está ela própria em campanha, como nunca. Até a idéia de um Dia dos Avós dedicado a entregar armas é destaque. Do Jornal Nacional ao Jornal da Globo, dos telejornais locais ao Bom Dia Brasil, do Hoje ao JN de novo, o esforço de desarmamento é notícia sem trégua -ainda que o Rio, sede e atenção maior da emissora, não seja das regiões mais destacadas na entrega das armas. Articulador A campanha global tem tamanho impacto que já disputam, em Brasília, os louros. Segundo o site da Agência Nordeste, o senador Renan Calheiros, descrito como "principal articulador do Estatuto do Desarmamento no Senado", avaliava ontem que "a campanha pegou", que é "uma vitória da cidadania" etc. Não é fácil Jornal Nacional, Jornal da Record e toda a cobertura de TV e web levaram a nova queda no desemprego às manchetes. Mas o Jornal da Band já observava, um dia antes, que "na prática" o emprego segue escondido. São todas "boas notícias": - Mas não é fácil achar as vagas citadas nas pesquisas. O JN, ontem, também já relativizava a estatística. Há vagas Na home do UOL, ontem à tarde, na seção UOL Empregos, o destaque era inusitado: - Agência Brasileira de Inteligência oferece 166 cargos. Tem vaga para psicólogo, engenheiro, para quem fala mandarim, árabe. Quase todos serão "analistas de informações". Mudança Esta coluna, a partir de agora, passa a ser publicada de segunda a sexta-feira, diariamente. Texto Anterior: Stedile acha comitiva de Lula ignorante Índice |
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