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ENXUGAMENTO DA MÁQUINA
"Choque de gestão" não é imediato
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Embora tenha sido anunciada
como parte de um "choque de
gestão", a limitação imposta pelo
governo às indicações políticas
para cargos de confiança não terá
impacto imediato na estrutura
administrativa -seu maior papel
é criar parâmetros para o futuro.
Com base nas estatísticas mais
recentes (de janeiro deste ano),
apenas 813 profissionais dos escalões inferiores do governo estão
além do teto estabelecido para indicações de fora do serviço público. Como nem todos os cargos de
confiança existentes estão preenchidos, o limite pode ser atingido
com a substituição de um número
menor dos atuais ocupantes.
Segundo o decreto publicado
ontem no "Diário Oficial" da
União, devem ser destinados a
servidores concursados 75% dos
cargos DAS (Direção de Assessoramento Superior) dos níveis 1, 2
e 3 -ao todo, existem seis níveis
desses cargos de confiança.
Pela lógica que embasa a medida, esses cargos de escalão inferior, com remuneração média
mensal inferior a R$ 5.000, são
responsáveis pelo cotidiano da
máquina administrativa e devem
ser tão estáveis quanto possível.
Dois detalhes, no entanto, mostram que o decreto não foi tão
ambicioso como se chegou a cogitar. Em primeiro lugar, não houve
extinção de cargos de confiança,
apenas uma maior disciplina para
seu preenchimento. Segundo,
aceitou-se que a cota destinada
aos servidores concursados seja
atingida com funcionários requisitados de Estados, municípios,
estatais, Ministério Público e outros Poderes -deixando aberta a
possibilidade de que indicados sejam apadrinhados políticos.
O fato de não haver carreira definida em diversos ministérios
(especialmente os recém-criados)
e o desgaste que o presidente sofreria com cortes em indicações
de aliados explicam que não tenham sido tomadas medidas
mais drásticas para a profissionalização da burocracia federal. Pelos dados oficiais, 10.820 servidores públicos ocupam os 15.509
cargos DAS-1, DAS-2 e DAS-3
preenchidos em janeiro. Há ainda
1.516 cargos a serem preenchidos
e, se todos forem destinados a
concursados, restará trocar apenas 433 dos atuais indicados.
O decreto reserva ainda aos servidores de carreira uma cota mínima de 50% dos cargos DAS-4
-hoje, o percentual já é de 57,7%
nos postos efetivamente ocupados. Para os cargos DAS-5 e DAS-6, que compreendem, entre outros, ministros e secretários de Estado, não há limitações para indicações políticas.
Repercussão
A oposição na Câmara classificou o chamado "choque de gestão" anunciado pelo governo, como "inoportuno", "tímido" e
"ineficaz" e afirmou que a medida
possui distorções. Mesmo setores
do PT viram problemas.
"Embora aponte na direção correta, o decreto é tímido e limitado", afirmou o líder do PSDB na
Casa, Alberto Goldman (SP), que
viu "graves distorções no texto".
Para o líder da minoria na Casa,
deputado José Carlos Aleluia
(PFL-BA), o pacote, apesar de
correto, é "inoportuno" por ter sido anunciado em meio à crise. "O
governo está reconhecendo, depois de dois anos e meio, que a
gestão está fora de controle."
Presidente da Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara,
o deputado petista Antonio Carlos Biscaia (RJ) disse que a medida é "positiva, mas insuficiente".
"A restrição no número de cargos
de confiança vai na direção correta, mas poderia ter sido expandida para os cargos de maior importância [os denominados DAS-6 e DAS-5]", afirmou Biscaia.
O deputado Professor Luizinho
(PT-SP) afirmou que a oposição
criticou a medida porque "embarcou na onda do denuncismo".
"Se tivesse sido anunciado no
passado diriam que estaria atrasado, e se fosse no futuro que seria
uma medida eleitoral", disse.
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