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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Feministas reprovam discurso de Heloísa
Candidata do PSOL é contrária à descriminalização do aborto, o que é atacado por movimentos em defesa da mulher
Para escritora, aliada pela metade é melhor que nada; ONG diz que, para ser do movimento, candidata tem de se assumir por inteiro
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo com discurso voltado
ao eleitorado feminino, a candidata do PSOL à Presidência,
senadora Heloísa Helena (AL),
não é considerada por feministas representante do movimento de mulheres. O distanciamento se deve, principalmente,
ao fato de a senadora ser contra
a descriminalização do aborto.
Na última pesquisa Datafolha, a candidata do PSOL cresceu de 6% para 12% entre as
mulheres. Entre os homens,
Heloísa oscilou de 7% para 8%.
O crescimento mais significativo entre o eleitorado feminino
ocorreu na região Sul, onde ela
cresceu de 3% para 15%.
A senadora, única mulher entre os sete candidatos à Presidência, divide opiniões entre as
feministas. É consenso, porém,
que a candidatura é importante
para a democracia e pode incentivar outras mulheres a
concorrerem a cargos eletivos.
O programa do PSOL afirma
que o partido está "na linha de
frente da luta feminista" ao defender o fim da discriminação
sexual no trabalho, prioridade
para as mulheres nos programas habitacionais e de geração
de emprego, existência de creches públicas nos locais de trabalho e estudo, casas-abrigo
para mulheres vítimas da violência doméstica e punição para agressores e para quem pratica assédio ou abuso sexual.
A senadora, porém, foi contra o projeto de descriminalização do aborto, enviado ao Congresso no ano passado. Ela defende o planejamento familiar
e a democratização do acesso a
métodos anticoncepcionais.
A escritora e editora Rose
Marie Muraro considera a candidata uma "simpatizante" da
causa e afirmou que, se Heloísa
defendesse a descriminalização do aborto, perderia os votos
da periferia, onde as mulheres
seriam mais conservadoras.
Pela metade
"É um direito que ela tem
[ser contra], e ter uma aliada
pela metade é melhor do que
nada", diz Rose, membro-fundadora do Conselho Nacional
dos Direitos da Mulher.
Já Alice Libardoni, da ONG
Agende (Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento),
diz que Heloísa não é candidata
da bancada feminina.
"A gente conta com o apoio
da senadora no combate à violência doméstica, mas ela é
contra a descriminalização do
aborto, que sempre foi grande
bandeira nossa. Para ser candidata do movimento, tem que se
assumir por inteiro."
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