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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Para Lula, oposição deve "lavar a boca" antes de atacá-lo
Presidente utiliza tom rancoroso em discurso em Recife, durante o primeiro comício da campanha para a reeleição
Símbolos tradicionais do PT, como a cor vermelha e a estrela, praticamente não aparecem no palanque montado em Pernambuco
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Em seu primeiro comício de
campanha à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
fez ontem à noite, em Recife
(PE), um discurso cheio de rancor contra os ataques da oposição e disse que seus adversários
deveriam "lavar a boca" antes
de citar o seu nome.
"Eu já estou há 42 meses na
Presidência da República e vocês não me viram em nenhum
momento falar mal de um governador, de um deputado, de
um senador, de um prefeito.
Embora já tenha sido atacado
da forma mais deplorável possível, eu não ataquei. Não ataquei porque eu não respondo
ao jogo rasteiro", disse o presidente. "Até porque alguns que
citam o meu nome deveriam lavar a boca. Alguns que me acusavam deveriam contar até dez,
e eles sabem porque conhecem
a minha vida, a da minha família, e o que eu faço no dia a dia
deste país", completou.
Ao lado de Lula no palanque,
estava o ex-ministro da Saúde
Humberto Costa, candidato do
PT ao governo de Pernambuco
e acusado de participação em
um esquema de fraudes na venda de ambulâncias.
"Os preconceituosos estão
cada vez minoritários e não estão transmitindo nada, estão
transmitindo ódio, acusando
pessoas honestas, falando as
maiores sandices contra as pessoas, sem a obrigação de provar
absolutamente nada", discursou Lula, ao lado de Costa.
No palanque, o vermelho e a
estrela do PT quase sumiram. O
fundo e as laterais do palco
eram de um azul bem forte, e o
tradicional vermelho petista
aparecia só no piso do palco. A
estrela do PT ficou escondida
nos cantos. O número 13 de Lula estava em verde e amarelo.
Com a proibição de shows e
de distribuição de brindes, o
público de cerca de 5.000 pessoas não se empolgou até a fala
de Lula. Discursos curtos, que
pouco animavam a platéia, se
sucederam. Só no final foi tocado o jingle-forró da campanha.
O comício foi no bairro de
Brasília Teimosa, o primeiro
local visitado por Lula como
presidente em 2003.
O palanque de Lula demonstrava uma cena que se repetirá
em vários Estados, com dois
adversários na disputa pelo
cargo de governador lado a lado
com o presidente. Ontem, além
de Costa, também estava ao lado de Lula outro ex-ministro,
Eduardo Campos (Ciência e
Tecnologia), candidato pelo
PSB. Os dois firmaram um pacto de não-agressão e prometeram apoio mútuo em um eventual segundo turno.
Além de políticos da região,
estavam no palco também figuras históricas, como o escritor
Ariano Suassuna e a viúva de
Miguel Arraes, Madalena.
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