São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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CPI vai à PF para rastrear sanguessugas

Objetivo é descobrir como a máfia pagou os parlamentares que se envolveram na compra de ambulâncias superfaturadas

Integrantes da comissão estão divididos quanto à divulgação do nome de todos os congressistas acusados de fraudes

LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Sanguessugas recorrerá à Polícia Federal para tentar rastrear os pagamentos feitos pela máfia das ambulâncias aos congressistas envolvidos com o esquema de venda de veículos superfaturados a prefeituras. A comissão pedirá ajuda à PF também para identificar os nomes dos donos dos veículos que teriam sido dados pela quadrilha aos parlamentares.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI, disse que a reunião com a força-tarefa da PF encarregada do caso está marcada para amanhã.
Segundo o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), cinco veículos, incluindo uma BMW e um ônibus, foram dados a congressistas que participaram do esquema, de acordo com o depoimento à Justiça de Luiz Antonio Vedoin, apontado pela PF como chefe da quadrilha.
Jungmann contou que Luiz Antonio relacionou 40 parlamentares que teriam recebido pagamento de propina em dinheiro vivo, o que dificulta a comprovação de que foram beneficiados pelo esquema. Gabeira espera que a PF os ajude a "fechar o cerco" para identificar quem embolsou dinheiro.

CPI dividida
Integrantes da CPI com funções executivas e de relatoria divergem sobre a divulgação de todos os nomes dos parlamentares que estão sob investigação. Jungmann defende a divulgação de todos os nomes. Na semana passada, ele afirmou ter contado 94 como beneficiários do esquema.
Ele tem o apoio de Gabeira e da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL). "Não é justo que se divulgue os nomes de uns e sejam mantidos em sigilo os de outros", disse Gabeira.
No entanto, o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), é contrário à idéia. "Isso não contribui para o bom andamento dos trabalhos", disse. O deputado Julio Delgado (PSB-MG), que também é sub-relator, concorda com Biscaia: "Não podemos universalizar a suspeita. Ainda precisamos analisar os documentos e diferenciar os casos".
Responsável por separar em arquivos individuais as provas contra os parlamentares, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) trabalha com 99 nomes. Ele também demonstra cautela. "Após a conclusão do trabalho de investigação e evidenciados os nomes realmente envolvidos com a quadrilha. É preciso diferenciar o parlamentar do marginal travestido de deputado", disse Sampaio.
Segundo ele, a CPI pretende concluir nos próximos dias também a análise do depoimento de Luiz Antonio. Ainda de acordo com Sampaio, o relatório parcial da CPI, previsto para ser apresentado até o dia 18 do mês que vem, deverá ser dividido em três partes.
Além de 57 já identificados oficialmente como pertencentes à quadrilha, há outros 42 que foram relacionados de alguma forma: em depoimentos ou degravações de conversas telefônicas entre membros da quadrilha, nas investigações do Ministério Público ou no trabalho da Controladoria Geral da União. O depoimento de Luiz Antonio, no qual citou 99 congressistas, tem servido de base para os trabalhos da CPI.


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