São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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Empresa dava pacote pronto para a fraude

DA REDAÇÃO

O escândalo do mensalão já estava esmorecendo quando o Congresso voltou a ser notícia policial em maio, envolvido em novas e profundas irregularidades, desta vez claramente praticadas com o dinheiro público. Um mês depois de a CPI dos Correios chegar ao final, assessores e ex-assessores de congressistas foram presos junto com políticos e empresários. Acusados de patrocinar compras superfaturadas de ambulâncias por prefeituras, eles integram a máfia dos sanguessugas, que, em vez de tragar sangue, consumiu de maneira fraudulenta ao menos R$ 110 milhões do governo desde de 2001.
O esquema era liderado, segundo a Polícia Federal, pelos empresários Luiz Antonio e Darci Vedoin, donos da Planam, que monta ambulâncias e UTIs móveis. A empresa oferecia a prefeituras um pacote pronto para a compra dos veículos. Garantia a elas que seriam feitas emendas parlamentares para destinar verbas para os municípios. Restaria à prefeitura apresentar ao Ministério da Saúde um projeto para adquirir as ambulâncias.
Na Saúde, Maria da Penha Lino, ex-funcionária da Planam, facilitava a aprovação dos projetos. Uma vez aprovados, os municípios envolvidos faziam licitações viciadas, vencidas pela Planam. O dinheiro que sobrava ia para o bolso da máfia.
Dois meses e meio após a primeira prisão feita pela PF -foram 48 no total-, cerca de cem parlamentares são suspeitos de terem sido beneficiados. A pedido da Procuradoria-Geral, o STF autorizou investigação contra 57 deles.
Na semana que passou, os nomes dos 56 deputados e de um senador foram divulgados pela CPI. Da lista, 82% dos nomes pertencem a seis siglas que integram a base aliada do governo ou que detêm cargos no primeiro escalão do presidente Lula -PTB, PP, PL, PMDB, PSB e PRB.
Surpresa ou não, 63% dos nomes são filiados àqueles mesmos partidos envolvidos no escândalo do mensalão, PTB, PP e PL. Há, inclusive, dois nomes coincidentes: Wanderval do Santos (PL-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Absolvidos no caso do "valerioduto", são suspeitos de fazer parte do esquema de fraude na Saúde.


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