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JANIO DE FREITAS
Uma saída popular
A proposta do senador Antonio Carlos Magalhães de
criar-se um imposto sobre a riqueza, para investir contra a
pobreza, suscita interpretações variadas, entre a vingança pelo caso Ford (Ford e ACM
são vitoriosos felicíssimos) e
uma estocada de candidato
para mais um embaraço de
Fernando Henrique Cardoso.
Proponho mais uma interpretação a escolha do leitor.
Antonio Carlos Magalhães
sabe que ao seu ganho entre os
baianos, ao forçar e ganhar a
ida da Ford para a Bahia, correspondem prejuízos a sua
imagem em outros muitos Estados. Nada mais oportuno do
que lançar uma proposta de
impacto popular e, de quebra,
assumir uma posição de liderança em questão fundamental que Fernando Henrique,
mais voltado para bancos e solenidades, deixou ao relento.
Competência política é assim, e é atributo que ninguém
negaria em Antonio Carlos. Já
Fernando Henrique responde
que bastará desarquivar o
projeto que, embora de sua
autoria em velhos tempos, como presidente fez os governistas impedirem a oposição de
trazê-lo do arquivo para a superfície.
Explosivos
Os procedimentos do governo na venda da TV Manchete
estão sob suspeitas de mais de
um tipo e em mais de uma
área. Feitos por iniciativa de
uma rede de TV, os levantamentos sugerem aos seus autores que houve facilitações
impróprias para que a emissora dos Bloch ficasse com a hoje
RedeTV!, e não com qualquer
outro dos interessados.
Os levantamentos alcançam, sobretudo, o Banco do
Brasil e o Ministério das Comunicações.
Transição
A presença de Clóvis Carvalho no Ministério do Desenvolvimento não foi pensada
como solução duradoura nem
para um nem para o outro.
Nas discussões sobre as mudanças ministeriais, ficou
sempre implícito que também
o novo ministério é transitório, para um semestre ou pouco mais, porque os condicionamentos deste final de ano
não favorecem o ""início do segundo mandato" a que se referiu Fernando Henrique.
Nesse pretenso início a ocorrer no próximo ano, o Ministério do Desenvolvimento é
antevisto com fisionomia diferente da que lhe foi dada. E
mais próxima da que tinha
nos planos ministeriais traçados antes da posse e das bombas telefônicas.
Fronteira
A passividade com que a subida do dólar é tratada, pelos
jornais e pelo empresariado,
reflete a confiança conquistada por Armínio Fraga como
presidente do Banco Central.
Mas este êxito não o impede
de buscar outro em área surpreendente.
Armínio Fraga é agora editor. Sócio de Carlos Augusto
Lacerda na Nova Fronteira
(editora, por exemplo, do
""Aurélio"), para a qual já está
contribuindo com planejamento administrativo.
Nem aviso
Dos ministros e assessores
chamados de ""amigos", nenhum se empenhou mais, publicamente, na defesa do governo e em justificar Fernando Henrique do que Bresser
Pereira. Eis, da sua fala no almoço de despedida anteontem com os auxiliares do Ministério de Ciência e Tecnologia, uma frase dita sob emoção forte:
- Fui surpreendido com a
decisão do presidente de me
substituir.
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