São Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999
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JANIO DE FREITAS
Uma saída popular

A proposta do senador Antonio Carlos Magalhães de criar-se um imposto sobre a riqueza, para investir contra a pobreza, suscita interpretações variadas, entre a vingança pelo caso Ford (Ford e ACM são vitoriosos felicíssimos) e uma estocada de candidato para mais um embaraço de Fernando Henrique Cardoso. Proponho mais uma interpretação a escolha do leitor.
Antonio Carlos Magalhães sabe que ao seu ganho entre os baianos, ao forçar e ganhar a ida da Ford para a Bahia, correspondem prejuízos a sua imagem em outros muitos Estados. Nada mais oportuno do que lançar uma proposta de impacto popular e, de quebra, assumir uma posição de liderança em questão fundamental que Fernando Henrique, mais voltado para bancos e solenidades, deixou ao relento.
Competência política é assim, e é atributo que ninguém negaria em Antonio Carlos. Já Fernando Henrique responde que bastará desarquivar o projeto que, embora de sua autoria em velhos tempos, como presidente fez os governistas impedirem a oposição de trazê-lo do arquivo para a superfície.

Explosivos
Os procedimentos do governo na venda da TV Manchete estão sob suspeitas de mais de um tipo e em mais de uma área. Feitos por iniciativa de uma rede de TV, os levantamentos sugerem aos seus autores que houve facilitações impróprias para que a emissora dos Bloch ficasse com a hoje RedeTV!, e não com qualquer outro dos interessados.
Os levantamentos alcançam, sobretudo, o Banco do Brasil e o Ministério das Comunicações.

Transição
A presença de Clóvis Carvalho no Ministério do Desenvolvimento não foi pensada como solução duradoura nem para um nem para o outro.
Nas discussões sobre as mudanças ministeriais, ficou sempre implícito que também o novo ministério é transitório, para um semestre ou pouco mais, porque os condicionamentos deste final de ano não favorecem o ""início do segundo mandato" a que se referiu Fernando Henrique.
Nesse pretenso início a ocorrer no próximo ano, o Ministério do Desenvolvimento é antevisto com fisionomia diferente da que lhe foi dada. E mais próxima da que tinha nos planos ministeriais traçados antes da posse e das bombas telefônicas.

Fronteira
A passividade com que a subida do dólar é tratada, pelos jornais e pelo empresariado, reflete a confiança conquistada por Armínio Fraga como presidente do Banco Central. Mas este êxito não o impede de buscar outro em área surpreendente.
Armínio Fraga é agora editor. Sócio de Carlos Augusto Lacerda na Nova Fronteira (editora, por exemplo, do ""Aurélio"), para a qual já está contribuindo com planejamento administrativo.

Nem aviso
Dos ministros e assessores chamados de ""amigos", nenhum se empenhou mais, publicamente, na defesa do governo e em justificar Fernando Henrique do que Bresser Pereira. Eis, da sua fala no almoço de despedida anteontem com os auxiliares do Ministério de Ciência e Tecnologia, uma frase dita sob emoção forte:
- Fui surpreendido com a decisão do presidente de me substituir.


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