|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PÚBLICO X PRIVADO
Redução é proporcionalmente inferior à diminuição na estrutura
Cai valor de acordo do telecurso no MA
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Maranhão e a
Fundação Roberto Marinho rebaixaram em R$ 10.767.150,00 o
valor do contrato para a implantação no Estado do Telecurso
2000, um programa de supletivo
do ensino médio.
A diminuição, contudo, é proporcionalmente inferior à diferença entre os resultados do projeto e aqueles previstos em compromisso celebrado no dia 22 de
novembro do ano passado.
Há 17% menos salas de aula do
que o acordo determinava. O número de alunos é 21% mais baixo.
O valor do pagamento que o Estado está fazendo à fundação caiu
apenas 10%.
O Maranhão se comprometeu a
pagar R$ 102.575.354,00 pela instalação de 3.750 telessalas (salas
de aula em que a lição é apresentada em vídeo) do Telecurso 2000.
Haveria 150 mil alunos do ensino
médio, o antigo segundo grau, a
serem atendidos dessa forma.
Só foram implantadas 3.094 telessalas (17% a menos). Do total
de alunos previstos, inscreveram-se 119.090 (menos 21%). De acordo com a Fundação Roberto Marinho e o Ministério Público do
Estado do Maranhão, o valor contratual foi reduzido em R$
10.767.150 (10%), para R$
91.808.204,00.
O governo estadual, procurado
28 vezes desde a quarta-feira da
semana passada, dia 15, não se
pronunciou.
O prazo do contrato é de 18 meses -vai até maio de 2002. O curso, cujas aulas começaram em fevereiro, dura 15 meses.
Nas telessalas, as lições são
apresentadas em vídeos. A colocação dos videocassetes e dos
aparelhos de televisão (de 20 polegadas) é de responsabilidade da
Fundação Roberto Marinho.
O contrato também obriga a entidade a treinar, remunerar e gerenciar professores (que reforçam
o conteúdo dos vídeos), supervisores e outros profissionais envolvidos na operação.
Segundo a fundação, dos 3.750
professores previstos, estão trabalhando (e sendo pagos) 3.094
-um por telessala. Dos 224 supervisores iniciais, continuam
201. Os 18 coordenadores seguem
em seus postos.
De acordo com os prazos contratuais originais, já teriam sido
entregues R$ 73,9 milhões -o
restante seria liquidado em três
parcelas de R$ 9,6 milhões cada,
uma em setembro, outra em novembro e a última em janeiro.
Com a mudança no contrato,
ocorrida no mês passado, não se
sabe -as partes não informaram- quanto já foi pago.
Investigação
O Ministério Público Estadual
instaurou inquérito civil para investigar o contrato. O procurador
José Henrique Marques Moreira,
que conduz a apuração, buscou
um termo de ajuste de conduta
entre as partes para reformular os
valores.
Avisado sobre a mudança do
contrato, o procurador recomeçou os cálculos para saber se os
gastos da Fundação Roberto Marinho justificam o recebimento da
remuneração agora redefinida.
O projeto implantado no Maranhão recebeu o nome de ""Viva
Educação". Seu objetivo é combater a distorção entre a idade dos
alunos e a série até a qual eles estudaram.
O método escolhido pelo Maranhão foi o Telecurso 2000, supletivo que permite diminuir de três
anos (educação regular) para um
ano e três meses o tempo do curso
no ensino médio.
O telecurso é propriedade da
Fundação Roberto Marinho, instituição sem fins lucrativos criada
em 1977 pelos controladores das
Organizações Globo.
A fundação foi contratada sem
licitação. A Lei 8.666/93 dispensa
licitações ""na contratação de instituição brasileira, incumbida regimental ou estatutariamente da
pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional (...) desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos".
Os livros didáticos e os vídeos
do telecurso não são fornecidos
pela Fundação Roberto Marinho,
mas comprados pelo Estado por
R$ 16,8 milhões do único fornecedor existente: a Editora Globo,
empresa das Organizações Globo.
Também nesse caso não houve
licitação. A governadora Roseana
Sarney (PFL) assinou pessoalmente o contrato com a Fundação Roberto Marinho, quando o
programa estadual foi iniciado.
Sua família é dona da TV Mirante,
afiliada da Rede Globo no Maranhão.
Texto Anterior: Outro lado: Ivaí Engenharia já se reabilitou, diz secretaria Próximo Texto: Outro lado: Custo varia em outra proporção, afirma fundação Índice
|