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INCIDENTE
Presidenciável discute com pessoa contratada pelos petistas para filmá-lo
PT utiliza cinegrafista para espionar campanha de Ciro
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O PT do Ceará utilizou ontem
uma prática da qual o partido
sempre se considerou vítima:
contratou um cinegrafista para
filmar as ações de Ciro Gomes
(PPS), adversário do candidato
petista Luiz Inácio Lula da Silva.
O cinegrafista do PT foi descoberto na Escola de Saúde Pública
do Estado do Ceará, que Ciro visitou para gravar parte de seu programa eleitoral. O coordenador
da campanha de Lula no Estado, o
deputado José Nobre Guimarães,
assumiu a idéia da filmagem, que
visaria provar que Ciro estava cometendo crime eleitoral ao fazer
campanha dentro de prédio público, o que é vedado por lei.
"Recebemos um telefonema
anônimo informando que as aulas da Escola de Saúde Pública tinham sido suspensas e que todos
os alunos estavam lá vendo a
campanha do Ciro", disse Guimarães -que é irmão do deputado
federal José Genoino, candidato
do PT ao governo paulista: "Eu
mesmo fui impedido de entrar
outro dia no Detran para fazer
campanha por causa da lei, e isso
tem de ser respeitado por todos".
A escola é mantida pelo Estado
com cursos de especialização para
médicos e enfermeiros. O deputado Guimarães afirma que a direção nacional do partido não sabia
da filmagem, mas disse que já
mandou uma cópia da fita para a
coordenação geral da campanha
de Lula. Guimarães nega que a filmagem tenha sido "clandestina".
Durante as gravações, Ciro empurrou a câmera do cinegrafista
Pedro Paulo e chegou a xingá-lo:
"Seu pilantra, você está sendo pago pelo [José] Serra".
A discussão começou quando
Ciro percebeu que havia um cinegrafista sem crachá entre a equipe
de filmagem de sua campanha e o
cinegrafista de uma emissora de
TV. O candidato, então, perguntou para quem ele trabalhava. Ele
não se identificou: "Trabalho para
mim mesmo. Aqui é um lugar público e tenho o direito de filmar o
que quiser". A partir daí, começou uma discussão ríspida. Ciro
afirmou que ele não tinha o direito de filmar sem se identificar.
No meio da discussão, Ciro,
exaltado, colocou a mão na lente
da câmera e empurrou o equipamento. O cinegrafista deixou o local em um carro com um adesivo
de Lula. Logo após o incidente,
Ciro disse que "só podia ser uma
provocação a serviço da candidatura de algum outro candidato".
Em Porto Velho (RO), Lula ironizou a acusação de espionagem:
"Ciro foi vítima do Paraguai, e
não de espionagem, porque a seleção brasileira foi fazer o jogo lá
[em Fortaleza], ele assistiu e a seleção perdeu." Segundo Lula, ele
próprio está se policiando para
ser "mais comedido" nas entrevistas pois "espiões existem em
todo lugar".
(KAMILA FERNANDES)
Colaborou a Enviada a Porto Velho
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