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NO AR
Lula malufou
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Duda Mendonça, quatro
anos atrás, dividiu seus
serviços entre Paulo Maluf e Miguel Arraes, então candidatos a
governador, entre inúmeros outros clientes.
Não elegeu nenhum dos dois,
mas deixou para a história da
propaganda política a "marca"
Farmácia do Povo.
Foi um esforço para colar a
imagem malufista à do socialista Arraes -que havia implantado a fórmula das farmácias de
remédio barato.
O marqueteiro tentava adaptar para o país uma técnica que
reelegeu Bill Clinton, a da
"triangulação", que visa atenuar a cor política do candidato
aproximando-o de posições
opostas às suas.
Agora Mendonça dá mais um
passo na geléia ideológica que se
vai instalando no país.
O programa de ontem à tarde
introduziu a "marca" Farmácia
Popular, com elogios à experiência de Arraes em Pernambuco,
mas buscando aproximar-se da
"marca" malufista.
Lula e Maluf estão em aproximação de imagem desde a contratação do marqueteiro pelo
PT, mas a "dobradinha" só se
mostrou recentemente.
Um dos primeiros sinais foi
uma entrevista de Lula à rádio
Bandeirantes, num horário de
discurso altamente conservador
da emissora. Lula cortejou livremente o eleitorado do antigo
adversário, dizendo:
- O Maluf diz que amadureci
e pode votar em mim. Antigamente eu recusaria, hoje não.
Ele entendeu que votar em mim
é a atitude sensata.
Quanto ao pepebista, ontem
ele dizia que "quem vota em Lula vota em Maluf". Também
mencionou Ciro e José Serra,
mas eles chocam muito menos.
Ou nada.
O certo é que Maluf já não se
apresenta mais, na campanha,
como antipetista. Pelo contrário
-aqui e ali, encontra sempre
um meio de elogiar Lula.
Quanto a José Genoino, bem,
ele leva jeito de não estar entre
as prioridades de ambos.
Começou com Jutahy Magalhães, o mais falante dos tucanos da campanha de Serra, que saiu dizendo que os astros da seleção podem não ter gostado do
abuso eleitoral do jogo. Daí, talvez, a derrota.
Depois foi Lula quem falou do
"mau negócio" que é misturar
seleção com eleição.
E começaram a pipocar os
bastidores dos jogadores que se
recusaram a cumprir as ordens
de Ricardo Teixeira, de entrar
nas campanhas de Ciro e Tasso
Jereissati.
Mais do que a derrota, é aí que
"o tiro pode sair pela culatra".
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