São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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NO AR

Lula malufou

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Duda Mendonça, quatro anos atrás, dividiu seus serviços entre Paulo Maluf e Miguel Arraes, então candidatos a governador, entre inúmeros outros clientes.
Não elegeu nenhum dos dois, mas deixou para a história da propaganda política a "marca" Farmácia do Povo.
Foi um esforço para colar a imagem malufista à do socialista Arraes -que havia implantado a fórmula das farmácias de remédio barato.
O marqueteiro tentava adaptar para o país uma técnica que reelegeu Bill Clinton, a da "triangulação", que visa atenuar a cor política do candidato aproximando-o de posições opostas às suas.
Agora Mendonça dá mais um passo na geléia ideológica que se vai instalando no país.
O programa de ontem à tarde introduziu a "marca" Farmácia Popular, com elogios à experiência de Arraes em Pernambuco, mas buscando aproximar-se da "marca" malufista.
Lula e Maluf estão em aproximação de imagem desde a contratação do marqueteiro pelo PT, mas a "dobradinha" só se mostrou recentemente.
Um dos primeiros sinais foi uma entrevista de Lula à rádio Bandeirantes, num horário de discurso altamente conservador da emissora. Lula cortejou livremente o eleitorado do antigo adversário, dizendo:
- O Maluf diz que amadureci e pode votar em mim. Antigamente eu recusaria, hoje não. Ele entendeu que votar em mim é a atitude sensata.
Quanto ao pepebista, ontem ele dizia que "quem vota em Lula vota em Maluf". Também mencionou Ciro e José Serra, mas eles chocam muito menos. Ou nada.
O certo é que Maluf já não se apresenta mais, na campanha, como antipetista. Pelo contrário -aqui e ali, encontra sempre um meio de elogiar Lula.
Quanto a José Genoino, bem, ele leva jeito de não estar entre as prioridades de ambos.
 
Começou com Jutahy Magalhães, o mais falante dos tucanos da campanha de Serra, que saiu dizendo que os astros da seleção podem não ter gostado do abuso eleitoral do jogo. Daí, talvez, a derrota.
Depois foi Lula quem falou do "mau negócio" que é misturar seleção com eleição.
E começaram a pipocar os bastidores dos jogadores que se recusaram a cumprir as ordens de Ricardo Teixeira, de entrar nas campanhas de Ciro e Tasso Jereissati.
Mais do que a derrota, é aí que "o tiro pode sair pela culatra".



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