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RIO GRANDE DO SUL
Servidor afirma que havia esquema durante governo de Britto
Motorista denuncia cobrança de propina
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Em meio ao clima de acusações
mútuas na disputa eleitoral no
Rio Grande do Sul, polarizada entre Antônio Britto (PPS) e o candidato do PT, Tarso Genro, surgiu, ontem, a denúncia de um esquema de propinas no governo
quando Britto foi governador.
O motorista João Pedro de Oliveira denunciou a existência de
um esquema de propinas no departamento de desporto da Secretaria da Educação do governo
gaúcho entre setembro de 1996 e
dezembro de 1998 -durante a
administração do ex-governador.
De acordo com JP, como ele é
conhecido, o "staff" do departamento comandado pelo diretor
José Loureiro Gomes, o Arataca,
superfaturava eventos, criava
competições, levava atletas a Porto Alegre superfaturando patrocínios e falsificava notas fiscais.
Para não se comprometerem, o
dinheiro resultante dos eventos
-um total de cerca de R$ 1 milhão- ia parar na conta bancária
de JP, que disse não ter conhecimento de vínculos do ex-governador com o esquema.
A Agência Folha ouviu JP por
mais de uma hora, assistiu a um
vídeo no qual ele conta o esquema
para se preservar das ameaças de
morte que diz ter recebido e teve
acesso a extratos bancários do
motorista na época, com altos valores para seus padrões.
Logo após a entrevista, JP seguiu até o Ministério Público Estadual, onde apresentou documentos como extratos bancários
e conversou com o promotor
João Nunes Ferreira durante
aproximadamente três horas.
A Agência Folha procurou entrar em contato com o promotor
para saber as medidas que ele tomaria em relação ao caso, mas ele
respondeu, por intermédio da assessoria de imprensa do órgão,
que não comentaria o caso.
Com salário de R$ 747,83, JP recebeu em sua conta valores de R$
14.500 no dia 16 de abril de 98 e de
R$ 50 mil em 4 de junho de 98.
Movimentou valores como R$ 22
mil, R$ 18 mil e R$ 30.800.
"Resolvi contar tudo porque estou sendo ameaçado e porque fiquei com uma dívida de R$ 108.400. Não sei se o Arataca era
usado pelo seu "staff" ou por outras pessoas, ou se o dinheiro ia
para ele mesmo. Eu passava cheques que seriam cobertos depois
para pagar algumas despesas, incluindo até boates. Havia lavagem
de dinheiro, com compra de material esportivo para doação. O dinheiro parou de entrar na minha
conta. As dívidas ficaram", diz.
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