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São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

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REFORMA AOS PEDAÇOS

Lula e Estados devem evitar "demonstrações de força" e preservar "governabilidade", afirma tucano

Relatório não atende à federação, diz Aécio

DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de Minais, Aécio Neves (PSDB), criticou ontem de manhã o relatório da reforma tributária e afirmou que os governadores vão pressionar, junto com suas bancadas no Congresso, por alterações na proposta.
"O texto está longe de atender aos interesses mínimos da Federação. É uma tentativa inicial do Virgílio Guimarães [relator da proposta de reforma tributária na Câmara], mas deverá sofrer alterações no processo de discussão", afirmou o governador tucano, que esteve em São Paulo para visitar o bispo dom Mauro Morelli, internado no Hospital das Clínicas, onde se recupera de um acidente de carro, e para se encontrar com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
"O consenso dependerá de dois pontos: o não aumento da carga tributária e uma distribuição mais justa dos tributos. Temos no país a mais injusta distribuição de arrecadação da história, com a União ficando com 64% do que é arrecadado, os Estados, com 23% e os municípios, com 13%."
No final da tarde, após reunião com Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Aécio Neves afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os Estados devem evitar "demonstrações de força" no Congresso em torno da reforma tributária, sob risco de ameaça à "governabilidade".
"Nós [governo federal e Estados] construímos uma relação de confiança. Os governadores souberam superar as discussões regionais e partidárias na construção das reformas. Não acho que esse seja o momento de demonstrações circunstanciais de força nessa comissão, nesse ou naquele plenário. O fundamental é buscarmos a convergência", disse.
Os dois tucanos articulam com outros governadores uma visita ao Congresso na próxima semana para se reunir com os deputados da Comissão Especial da Reforma Tributária e com senadores.
Segundo Aécio Neves, o convite partiu do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT), mas desde ontem o PSDB e o PFL, principais partidos de oposição ao governo, já haviam formulado a proposta aos Estados.

Estratégia
Alckmin também se reuniu ontem com os senadores tucanos Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM). Os três conversaram sobre a estratégia do partido para as negociações no Senado.
O paulista, após um período de "lua-de-mel" com Lula, tem se transformado no principal crítico da reforma tributária.
Segundo ele, seu Estado poderá ter perdas de até R$ 1,7 bilhão. "Como é que daqui oito anos se paga universidade, se paga polícia, se constrói escola, se cuida da infra-estrutura?", questionou.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG E TIAGO ORNAGHI)

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