|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA AOS PEDAÇOS
Lula e Estados devem evitar "demonstrações de força" e preservar "governabilidade", afirma tucano
Relatório não atende à federação, diz Aécio
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de Minais, Aécio
Neves (PSDB), criticou ontem de
manhã o relatório da reforma tributária e afirmou que os governadores vão pressionar, junto com
suas bancadas no Congresso, por
alterações na proposta.
"O texto está longe de atender
aos interesses mínimos da Federação. É uma tentativa inicial do
Virgílio Guimarães [relator da
proposta de reforma tributária na
Câmara], mas deverá sofrer alterações no processo de discussão",
afirmou o governador tucano,
que esteve em São Paulo para visitar o bispo dom Mauro Morelli,
internado no Hospital das Clínicas, onde se recupera de um acidente de carro, e para se encontrar com o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
"O consenso dependerá de dois
pontos: o não aumento da carga
tributária e uma distribuição mais
justa dos tributos. Temos no país
a mais injusta distribuição de arrecadação da história, com a
União ficando com 64% do que é
arrecadado, os Estados, com 23%
e os municípios, com 13%."
No final da tarde, após reunião
com Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Aécio Neves afirmou que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os Estados devem evitar "demonstrações de força" no Congresso em torno da reforma tributária, sob risco de ameaça à "governabilidade".
"Nós [governo federal e Estados] construímos uma relação de
confiança. Os governadores souberam superar as discussões regionais e partidárias na construção das reformas. Não acho que
esse seja o momento de demonstrações circunstanciais de força
nessa comissão, nesse ou naquele
plenário. O fundamental é buscarmos a convergência", disse.
Os dois tucanos articulam com
outros governadores uma visita
ao Congresso na próxima semana
para se reunir com os deputados
da Comissão Especial da Reforma
Tributária e com senadores.
Segundo Aécio Neves, o convite
partiu do presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT), mas desde ontem o PSDB e o PFL, principais partidos de oposição ao governo, já haviam formulado a
proposta aos Estados.
Estratégia
Alckmin também se reuniu ontem com os senadores tucanos
Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM). Os três conversaram
sobre a estratégia do partido para
as negociações no Senado.
O paulista, após um período de
"lua-de-mel" com Lula, tem se
transformado no principal crítico
da reforma tributária.
Segundo ele, seu Estado poderá
ter perdas de até R$ 1,7 bilhão.
"Como é que daqui oito anos se
paga universidade, se paga polícia, se constrói escola, se cuida da
infra-estrutura?", questionou.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG E TIAGO ORNAGHI)
Texto Anterior: Cuco: Após cochilo, PT ganha despertador Próximo Texto: Frases Índice
|