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Acordo com Estados ainda é
problema
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para viabilizar a vitória de ontem, o governo teve de acenar
com o atendimento a uma série
de mudanças na reforma tributária reivindicadas pelos aliados. A
tarefa mais difícil, porém, será ceder o mínimo possível a governadores e prefeitos, que querem
uma fatia das receitas federais.
"Chega de promessa. Estou cansado de só votar, votar, votar",
disse o aliado Sandro Mabel (PL-GO) depois da sessão, ameaçando
não votar o segundo turno da reforma da Previdência, marcado
para terça-feira. Ao lado de deputados das regiões Centro-Oeste,
Norte e Nordeste, Mabel reivindica mais prazo para o fim dos incentivos fiscais estaduais e da Zona Franca de Manaus.
Outra alteração dada como provável, o teto de 25% para as alíquotas do ICMS, é rejeitada pelos
Estados mais pobres, que temem
a perda de receita. Uma mudança
simples, cobrada pelos aliados
mais ideológicos, será explicitar
no texto da reforma a vinculação
da arrecadação da CPMF a gastos
em saúde e no combate à pobreza,
mantendo as regras atuais.
Nas negociações com os governadores, o Planalto pode ter uma
alternativa à demanda pela repartição do dinheiro da CPMF: o
PSDB, que governa oito Estados,
já indicou que pode abrir mão da
reivindicação, pela qual a União
perderia R$ 6 bilhões dos R$ 24
bilhões gerados anualmente pela
contribuição.
Os tucanos sinalizaram ao governo que ficarão satisfeitos com
o fim da tributação dos Estados
pelo Pasep -são R$ 2 bilhões
anuais- e uma definição mais favorável do fundo destinado a cobrir as perdas estaduais com o fim
do ICMS sobre as exportações.
Os governadores querem um
fundo de R$ 8,5 bilhões, contra os
R$ 6 bilhões de hoje. O relatório se
limita a apontar as fontes dos recursos: o IPI e os impostos sobre
importação e exportação.
Para completar a lista dos pleitos estaduais, o governo teria de
incluir na Constituição a partilha
de 25% dos recursos da Cide, já
prometida em lei ordinária.
"Os governadores talvez se contentem com isso, mas ainda resta
o problema dos prefeitos", calcula
Antonio Carlos Magalhães Neto
(PFL-BA).
A influência dos Executivos estaduais e municipais foi visível na
votação de ontem. Deputados do
PMDB e do PL, ao anunciarem
seu voto favorável ao relatório da
reforma tributária, ressalvaram
estar dando um voto de confiança
ao governo, mencionando o compromisso de revisão do texto.
Mesmo os partidos mais fiéis ao
Planalto, como o PT e o PSB, também encampam pleitos de seus
governadores e prefeitos. Os socialistas chegaram a distribuir ontem um estudo com críticas à reforma.
(GUSTAVO PATÚ)
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