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São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

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"Não cederemos mais", diz ACM

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O senador Antonio Carlos Magalhães, 75, disse ontem em Salvador que o PFL vai endurecer com o governo se o projeto da reforma tributária que tramita no Congresso não for modificado.
"Vamos endurecer e não cederemos mais ao governo. Não podemos votar a reforma tributária e até, talvez, a previdenciária, se o governo não disser como vai tratar Estados e prefeituras, que estão falidas", disse o senador baiano, que participou de um almoço com o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), o governador Paulo Souto (PFL) e dirigentes do setor imobiliário.
Ainda ontem, depois de fechar um acordo com os partidos da oposição, o governo conseguiu aprovar o relatório do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) na comissão especial da Câmara.
De acordo com ACM, o PT quer somente aumentar a arrecadação do governo com a reforma tributária. "O PT, como administra poucos municípios e poucos Estados, quer todo o caixa para a União", afirmou o senador.
Paulo Souto disse que vai recomendar à bancada baiana que vote contra o projeto da reforma tributária proposto pelo governo. "Se o projeto não sofrer alterações, voto contra. Eu não posso votar em uma coisa que vai afetar o destino do Estado", afirmou o governador baiano.
Antes do almoço, Antonio Carlos Magalhães, que controla os votos de 23 dos 39 deputados federais do Estado, recomendou à bancada baiana que tome uma "posição enérgica" em relação ao tratamento dado pelo governo federal à reforma tributária. Os três senadores baianos (incluindo ACM) também são do PFL.
"Se os partidários do presidente Lula não têm interesse [na reforma tributária], nós temos. Não vão nos comprar apenas com recursos para o metrô. A reforma é negativa em relação aos interesses baianos. Temos de exigir tratamento adequado, pois a Bahia está acima dos interesses políticos", acrescentou ACM.
O ministro Ciro Gomes disse que considera legítima as reivindicações dos governadores.
"O presidente Lula também acha isso. Por essa razão, ele [o presidente] está procedendo com muita habilidade, ouvindo e ponderando com os 27 governadores", informou o ministro.
Segundo Ciro Gomes, a reforma tributária é "uma questão delicada, uma situação dramaticamente complexa". "Temos um país em que 42% da produção industrial está concentrada em um único Estado [São Paulo] e os outros 40% em mais três [Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná]. Por outro lado, alguns Estados são exportadores, mesmo localizados em regiões pobres", disse.


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