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CONFLITO AGRÁRIO
Presidente do STF rebate acusação de parcialidade e aponta processos mal instruídos em questões agrárias
Erro do Incra favorece fazendeiros, diz Corrêa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em resposta a críticas do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) ao Poder Judiciário, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa, atribuiu a "erros" do
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a
concessão de mandados de segurança a fazendeiros, em processos
de desapropriação para fins de reforma agrária.
"A hora em que o Incra corrigir
esses erros e passar a adotar as
medidas corretas, seguramente
não haverá mais mandado de segurança deferido por causa disso.
De modo geral, os mandados de
segurança são deferidos pelo STF
em razão da má instrução do processo embaixo. É só isso."
O líder do MST Gilmar Mauro
acusou na quinta-feira o Judiciário de julgar com parcialidade as
questões envolvendo sem-terra.
Para ele, a Justiça estaria "ajudando a agravar a violência no campo". Disse existirem mais de 20
áreas no Estado de São Paulo
aguardando até quatros anos a
imissão na posse na Justiça para
serem desapropriadas.
Mauro afirmou que, por outro
lado, a mesma demora não ocorre
quando a acusação é contra o
MST, em que ""se monta um inquérito rapidamente, decreta-se
prisão e prende-se com muita rapidez e agilidade".
O presidente do STF quis justamente responder às críticas. Afirmou que o STF "não julga com
parcialidade" e, especificamente
no caso de reforma agrária, alegou que há processos "mal instruídos" que, portanto, ensejam a
concessão de mandados de segurança a fazendeiros.
"Quando o Incra vai para uma
fazenda fazer a vistoria, ele tem de
avisar o proprietário com antecedência. Aí, o que acontece? Eles
avisam no dia ou na véspera. O
proprietário não tem tempo de
convidar um agrônomo para
acompanhar essa vistoria. Esse é
um direito que ele tem. Eles atropelam o devido processo legal."
Corrêa justificou a decisão do
STF anulando desapropriação de
13,2 mil hectares em São Gabriel
(RS) exatamente à má instrução
no processo. "Aquele caso de São
Gabriel foi exatamente isso. Nada
mais do que isso", disse.
O ministro evitou polemizar
com o outro líder do MST, João
Pedro Stedile, que incluiu um ingrediente político na decisão do
STF no caso São Gabriel -ele
vinculara a anulação da desapropriação à resistência do governo
em ceder a reivindicações dos juízes na reforma da Previdência.
"Não vou responder a afirmações dessa natureza, porque isso
não tem pé nem cabeça. Não vou
perder tempo com isso."
Outro lado
A assessoria de imprensa do Incra informou que o procurador
do órgão, Carlos Frederico Marés,
não responderia às críticas.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário -ao qual pertence o Incra- respondeu: "Desconhecemos as declarações do ministro, mas esse país tem uma institucionalidade com divisão de
poderes. Compete ao Executivo
responder pelas ações administrativas e compete ao Judiciário
responder por suas decisões".
(RAQUEL ULHÔA)
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