São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Bolsa Família cresce mais na cidade do que no campo

Famílias atendidas aumentaram 46,05%, passando de 7,6 milhões para 11,1 milhões

Desde o início, 1,4 milhão de cartões do programa foram cancelados; a maioria por irregularidade, como renda acima do teto permitido

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo federal, avançou mais nas áreas urbanas nos últimos dois anos. De setembro de 2005 a março de 2007, o número de atendidos que moram em cidades cresceu 52,48%. No mesmo período, os atendidos que moram em área rural aumentaram menos, 47,46%. Foram incluídas no programa mais 2,7 milhões de famílias moradoras das cidades, onde os beneficiários passaram de 65,8% a 69,2% do total. Os dados são de estudo divulgado anteontem pelo Ministério do Desenvolvimento Social.
O número de famílias atendidas cresceu 46,05%, passando de 7,6 milhões para 11,1 milhões. Hoje, quase um em cada quatro brasileiros é atendido pelo Bolsa Família. O número coincide com o de domicílios pobres identificados na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e corresponde a cerca de 45,8 milhões de brasileiros, ou 24% do total da população do país, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O perfil do programa, no entanto, mostra que beneficiários mantêm outros elevados indicadores de pobreza. "Há uma sinalização clara de que é preciso integrar o Bolsa Família a outras políticas públicas de educação, saneamento e habitação, para que as famílias possam sair da situação de pobreza", disse Rosani Cunha, secretária do ministério responsável pelo programa.
Os indicadores que mais chamam a atenção no estudo são o acesso a saneamento básico e grau de escolaridade.
Apenas 36,4% das famílias beneficiadas pelo programa têm acesso a sistema de esgoto. O saneamento básico avançou em ritmo lento: 2,5 pontos percentuais em dois anos. Atualmente, mais de 2 milhões de famílias lançam esgoto em valas ou a céu aberto.
Também chama a atenção a baixa escolaridade dos titulares dos cartões do Bolsa Família, que geralmente é a mãe. A maioria -6,2 milhões de pessoas ou 56,2% do total- não passou da quarta série do ensino fundamental; os analfabetos somam 1,8 milhão. O percentual supera o de responsáveis que não trabalha: 51,2%.
Por outro lado, há dados que fogem da senso comum. Segundo o estudo, 63,5% dos atendidos moram em casa própria e 69,9% habitam em residências de alvenaria.
Em quase quatro anos do programa, 1,4 milhão de famílias já tiveram o cartão do Bolsa Família cancelado, abrindo espaço a novos beneficiários ou fazendo o número total de pagamentos cair, nos últimos meses, abaixo da meta de 11,1 milhões de famílias atendidas.
Em agosto, a folha de pagamentos fechou com 200 mil benefícios aquém da meta.
Além dos benefícios cancelados, 514 mil encontram-se atualmente bloqueados, sob investigação, e poderão também vir a ser suspensos definitivamente. Segundo Rosani, há um processo permanente de ajuste de foco no Bolsa Família.
O principal motivo de suspensão dos pagamentos, segundo o ministério, é a identificação de renda acima de R$ 120 mensais por pessoa da família, teto do programa. O ministério registra ainda o desligamento voluntário de cerca de 35 mil famílias, mas a maior parte dos casos refere-se a famílias convidadas a entregar o cartão por algum tipo de irregularidade, como a duplicidade no recebimento ou renda acima do teto.


Colaborou a Redação


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