|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bolsa Família cresce mais na cidade do que no campo
Famílias atendidas aumentaram 46,05%, passando de 7,6 milhões para 11,1 milhões
Desde o início, 1,4 milhão de cartões do programa foram cancelados; a maioria por irregularidade, como renda acima do teto permitido
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Bolsa Família, principal
programa de transferência de
renda do governo federal, avançou mais nas áreas urbanas nos
últimos dois anos. De setembro
de 2005 a março de 2007, o número de atendidos que moram
em cidades cresceu 52,48%. No
mesmo período, os atendidos
que moram em área rural aumentaram menos, 47,46%. Foram incluídas no programa
mais 2,7 milhões de famílias
moradoras das cidades, onde os
beneficiários passaram de
65,8% a 69,2% do total. Os dados são de estudo divulgado anteontem pelo Ministério do
Desenvolvimento Social.
O número de famílias atendidas cresceu 46,05%, passando
de 7,6 milhões para 11,1 milhões. Hoje, quase um em cada
quatro brasileiros é atendido
pelo Bolsa Família. O número
coincide com o de domicílios
pobres identificados na Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e corresponde a cerca de 45,8 milhões de
brasileiros, ou 24% do total da
população do país, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
O perfil do programa, no entanto, mostra que beneficiários
mantêm outros elevados indicadores de pobreza. "Há uma
sinalização clara de que é preciso integrar o Bolsa Família a
outras políticas públicas de
educação, saneamento e habitação, para que as famílias possam sair da situação de pobreza", disse Rosani Cunha, secretária do ministério responsável
pelo programa.
Os indicadores que mais chamam a atenção no estudo são o
acesso a saneamento básico e
grau de escolaridade.
Apenas 36,4% das famílias
beneficiadas pelo programa
têm acesso a sistema de esgoto.
O saneamento básico avançou
em ritmo lento: 2,5 pontos percentuais em dois anos. Atualmente, mais de 2 milhões de famílias lançam esgoto em valas
ou a céu aberto.
Também chama a atenção a
baixa escolaridade dos titulares
dos cartões do Bolsa Família,
que geralmente é a mãe. A
maioria -6,2 milhões de pessoas ou 56,2% do total- não
passou da quarta série do ensino fundamental; os analfabetos
somam 1,8 milhão. O percentual supera o de responsáveis
que não trabalha: 51,2%.
Por outro lado, há dados que
fogem da senso comum. Segundo o estudo, 63,5% dos atendidos moram em casa própria e
69,9% habitam em residências
de alvenaria.
Em quase quatro anos do
programa, 1,4 milhão de famílias já tiveram o cartão do Bolsa
Família cancelado, abrindo espaço a novos beneficiários ou
fazendo o número total de pagamentos cair, nos últimos meses, abaixo da meta de 11,1 milhões de famílias atendidas.
Em agosto, a folha de pagamentos fechou com 200 mil benefícios aquém da meta.
Além dos benefícios cancelados, 514 mil encontram-se
atualmente bloqueados, sob investigação, e poderão também
vir a ser suspensos definitivamente. Segundo Rosani, há um
processo permanente de ajuste
de foco no Bolsa Família.
O principal motivo de suspensão dos pagamentos, segundo o ministério, é a identificação de renda acima de R$ 120
mensais por pessoa da família,
teto do programa. O ministério
registra ainda o desligamento
voluntário de cerca de 35 mil
famílias, mas a maior parte dos
casos refere-se a famílias convidadas a entregar o cartão por
algum tipo de irregularidade,
como a duplicidade no recebimento ou renda acima do teto.
Colaborou a Redação
Texto Anterior: Deportação: Chanceler recua após dizer que Cuba teve apoio Próximo Texto: Marcha: Lula diz que, se pudesse, pagaria para atrair manifestantes Índice
|