São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Melhor assim

A decisão do Supremo Tribunal Federal que impede o nepotismo gerou gritaria geral no Congresso, mas a atmosfera nos corredores foi de alívio pelo fato de não ter partido dos próprios parlamentares uma medida tão impopular. A avaliação é que custaria caro defender a idéia abertamente diante da imensa teia de familiares de congressistas empregados na Câmara e no Senado. Mais: muitos deles, especialmente mulheres de parlamentares, recorrem a um artifício que permite ser lotado em determinado gabinete, mas "estar cedido" para desempenhar funções no Estado. Ao custo de quase R$ 4 milhões por ano, pelo menos 52 deputados empregam filhos ou mulheres, número que dobra se somados parentes de segundo e terceiro graus.

Afasta de mim. Prova de que a Câmara não quer saber de regulamentar o nepotismo é que na terça, em reunião de líderes, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), alertou que o STF arbitraria o assunto e opinou que os deputados deveriam se antecipar.

Vem mais. Na mesma reunião, Chinaglia cantou a bola do próximo tema sobre o qual, na sua opinião, o Supremo vai se manifestar: fim do voto secreto para casos de perda de mandato no Congresso.

Prodígio. Alguém descobriu que o "Kassabinho", boneco de animação que aparece no programa eleitoral do prefeito de São Paulo, é a cara de Jimmy Neutron, o menino-gênio que constrói engenhocas no desenho homônimo do canal de Nickelodeon.

Campo neutro. Enquanto Alckmin e Kassab disputam sua imagem na TV, José Serra gravou depoimento sobre saúde, que irá ao ar na campanha de Fernando Gabeira (PV) no Rio, na próxima terça.

Colírio. Geraldo Alckmin (PSDB) recebe hoje a visita de deficientes auditivos no seu comitê de campanha para debater políticas de inclusão. No grupo, estará Vanessa Vidal, eleita miss Ceará neste ano.

Em círculos. Um velho dilema, que tirou o sono do comando da campanha em 2006, volta a assolar a equipe de comunicação tucana: ainda não se sabe se ele vai tentar fixar o Geraldo ou o Alckmin.

Modelo 2010. Para se contrapor ao jantar de arrecadação de Gleisi Hoffman (PT), que teve a participação de Dilma Rousseff, o prefeito Beto Richa (PSDB) levará a Curitiba, no dia 9, o também presidenciável Aécio Neves. Foram vendidos mil convites a R$ 1.000 -e terá nova fornada.

É guerra. Subiu a temperatura nos programas de TV de Antonio Imbassahy (PSDB) e João Henrique (PMDB) em Salvador. De olho numa vaga no segundo turno, o prefeito passou a falar em "herança maldita" deixada pelo tucano.

Best friends. Após acusar (e recuar em seguida) Daniel Dantas de ter encomendado a tentativa de suborno de um delegado, Hugo Chicaroni conversou e até bebeu café com o banqueiro, ontem, durante depoimentos de testemunhas na Justiça Federal.

Lacre. Nelson Pellegrino (PT-BA) vai cobrar, no relatório da CPI dos Grampos, que as telefônicas reforcem a proteção aos dados cadastrais. Em depoimento, o delegado da PF Marcílio Zocrato disse que as informações ficam em mãos terceirizados.

Consumado. O governo retirou a MP criadora do Ministério da Pesca, mas os ofícios da secretaria que chegam ao Congresso já adotam a nova terminologia. Mais: a propaganda da 5ª Semana Semana Nacional do Peixe ostenta em letras garrafais o novo status.

Tô nessa. Recém-saída do Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva (PT-AC) se engajou na defesa da manutenção do atual desenho da reserva indígena Raposa/ Serra do Sol, que irá a julgamento no Supremo no dia 27.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Esses números não só colocam por terra a alegada competência do governo Alckmin como mostram o tipo de choque de gestão que ele tem como modelo para São Paulo."
Do líder do PT na Assembléia paulista, ROBERTO FELÍCIO, sobre o buraco de R$ 98 milhões decorrente da decisão de Alckmin de parar de pagar contribuição para o Pasep em 2001, quando era governador.

Contraponto

Efeito carapuça

Conhecido entre os colegas na Câmara por atitudes intempestivas, como a divulgação de uma lista apócrifa de supostos beneficiados pelo mensalão no auge da crise de 2005, Paulo Pimenta (PT-RS) assustou aliados durante recente evento de campanha em Santa Maria.
O candidato a prefeito começou a citar petistas ilustres da cidade, como o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o ex-presidente da CPI do Detran, Fabiano Pereira.
-Me orgulho de ser da "República de Santa Maria"-, disse Pimenta, usando a mesma expressão empregada, com conotação pejorativa, por Yeda Crusius (PSDB).
Ao lado do candidato, um assessor não resistiu:
-Meu Deus, o que será que ele quis dizer com isso?


Próximo Texto: Congresso tem "mercado de votos", diz projeto do governo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.